“Tarifaço”: Brasil isenta quase metade de exportações vindas dos EUA

Atualizado em 14 de fevereiro de 2025 às 17:22
Vista aérea do porto de Santos. Foto: reprodução

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgou, nesta sexta-feira (14), dados que revelam uma disparidade nas tarifas de importação entre os dois países. De acordo com a entidade, mais de 48% das exportações dos EUA para o Brasil entram sem tarifas, e outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%Enquanto a tarifa média brasileira para o mundo é de 12,4%, o imposto médio efetivo sobre as importações dos Estados Unidos é de apenas 2,7%.

A diferença ocorre porque grande parte dos produtos importados dos EUA, como aeronaves, peças, petróleo bruto e gás natural, são isentos de taxas. Além disso, regimes aduaneiros especiais, como o “drawback” e o Recof, reduzem ou eliminam tarifas em outros itens.

A entidade, que representa mais de 3.500 empresas e cerca de um terço do PIB brasileiro, destacou a importância de manter um comércio equilibrado e benéfico para ambos os países.

A discussão ganhou destaque após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinar um memorando na quinta-feira (13) que estabelece a cobrança de tarifas recíprocas a países que aplicam taxas sobre produtos estadunidenses.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Um dos exemplos citados pelo governo dos EUA é o etanol brasileiro: enquanto os Estados Unidos cobram apenas 2,5% sobre o produto, o Brasil aplica uma tarifa de 18%. Em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, mas exportaram apenas US$ 52 milhões.

Outro ponto de tensão é o comércio de aço e alumínio. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Agora, Trump anunciou aumentos nas tarifas desses produtos para revitalizar a indústria estadunidense. “Precisamos proteger o futuro da manufatura e produção dos EUA”, declarou.

Por outro lado, o Brasil também adotou medidas protecionistas. Em abril de 2023, o Comitê da Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação de alguns produtos de aço, com validade até maio de 2024. A medida incluiu cotas para evitar excessos, mas reforçou o cenário de tensões comerciais.

Diante do anúncio de tarifas recíprocas pelos EUA, a Amcham Brasil destacou a necessidade de um diálogo construtivo entre os governos. “A relação econômica e comercial entre Brasil e Estados Unidos é equilibrada e benéfica para empresas, trabalhadores e consumidores de ambos os países”, afirmou a entidade.

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, nos últimos 28 anos, os EUA acumularam um superávit comercial de US$ 48,21 bilhões com o Brasil. Desde 2009, o Brasil registra déficits consecutivos, com as vendas americanas superando as importações em US$ 88,61 bilhões.

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