Tarifaço contra o Brasil pode ser derrubado mesmo sem acordo entre Trump e Lula; entenda

Atualizado em 25 de outubro de 2025 às 12:59
Donald Trump anunciando o tarifaço. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ver as tarifas de 40% impostas a produtos brasileiros derrubadas pelo Senado estadunidense já na próxima semana, caso não suspenda as medidas de forma voluntária após o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), previsto para domingo (26), na Malásia. A iniciativa, segundo Mariana Sanches do Uol, conta inclusive com apoio de parlamentares republicanos, que vêm pressionando a Casa Branca por mudanças na política comercial.

As sobretaxas impostas por Trump estão em vigor desde 6 de agosto e atingem cerca de 60% dos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos. As medidas foram tomadas com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, instrumento que parte do Congresso considera inconstitucional. Agora, os democratas colocaram como prioridade a votação de três projetos de lei que limitam a autoridade presidencial para impor tarifas unilaterais, entre elas as que atingem o Brasil e o Canadá.

Entre os autores do projeto bipartidário estão os senadores Tim Kaine (Democrata da Virgínia), Rand Paul (Republicano do Kentucky), Chuck Schumer (Democrata de Nova York) e Angus King (Independente do Maine). Em abril, uma proposta semelhante sobre tarifas ao Canadá foi aprovada por 51 votos a 48, mesmo com maioria republicana no Senado.

O republicano Rand Paul, um dos principais críticos da medida, afirmou ao site Politico que ao menos 20 senadores de seu partido devem apoiar a derrubada das tarifas, pressionados por agricultores prejudicados pela guerra comercial.

“A China não está comprando nenhuma soja nossa este ano. A guerra tarifária com a China levou a isso. E eles [os senadores republicanos] não têm coragem porque o presidente é republicano. E, francamente, eles estão com medo. Eles têm medo de que ele faça com eles o que está tentando fazer comigo. Que pena. Seria mais fácil se houvesse outras pessoas dispostas a se levantar e se opor a políticas ruins”, declarou Paul.

Donald Trump, presidente dos EUA, e Lula, do Brasil. Foto: reprodução

Analistas políticos em Washington avaliam que a derrota de Trump no Senado é praticamente certa, embora o projeto deva enfrentar resistência na Câmara dos Representantes, onde o presidente mantém uma base mais fiel.

Ainda assim, o tema se tornou um dos principais pontos de tensão dentro do Partido Republicano, que enfrenta o impacto econômico das medidas em estados agrícolas do meio-oeste.

A disputa ocorre em meio à quarta semana de paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, o chamado *shutdown*, provocado pela falta de acordo entre Trump e o Congresso para aprovar o orçamento federal. O impasse enfraqueceu a base de apoio do presidente e colocou em xeque parte de sua agenda econômica.

Até mesmo aliados da ala mais radical do trumpismo vêm expressando preocupação. A deputada Marjorie Taylor Greene afirmou recentemente que as sobretaxas têm causado “solavancos” à economia.

“Estamos tendo problemas com essas tarifas”, disse, citando falta de suprimentos e alta nos preços. A inflação anual dos Estados Unidos chegou a 3% em setembro.

A Casa Branca reagiu por meio do porta-voz Kush Desai, que defendeu as políticas do governo. “À medida que os cortes de impostos pró-crescimento, a desregulamentação e os acordos comerciais sem precedentes do governo continuam a entrar em vigor, os estadunidenses podem ter certeza de que o melhor ainda está por vir”, disse.

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.