
O tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros importados pelos EUA podem comprometer ainda mais a já fragilizada indústria de cítricos da Flórida, segundo reportagem do jornal “The Palm Beach Post”.
O especialista Malek Hammami, do “Tropical Research & Education Center”, em Homestead, cidade na Flórida, explicou que os consumidores pagarão mais caro, pois cada elo da cadeia repassará o custo. Os produtores também serão impactados, já que a queda nas importações afeta diretamente a rentabilidade dos processadores.
“O que temos discutido é o impacto no consumidor, já que os preços vão ficar mais altos porque cada agente da cadeia de suprimentos repassará o custo da tarifa”, afirmou.
“Mas, indiretamente, os produtores também serão afetados, porque, se houver menos importações… o que é produzido aqui não é suficiente para garantir lucro aos processadores.”
O setor já enfrentava dificuldades antes das tarifas, com uma redução de 92% na produção de laranja desde 2003, segundo dados oficiais.
Doenças, furacões e a diminuição de áreas cultivadas agravaram o cenário, levando o estado a liberar US$ 140 milhões em recursos para apoiar os produtores. A Alico Inc, uma das maiores empresas do ramo na Flórida, abandonou o cultivo de cítricos e passou a investir em desenvolvimento imobiliário.
A crise se intensificou com a decisão de Trump. O republicano justificou a medida como resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro. Em carta enviada ao presidente Lula (PT) no dia 9 de julho, Trump declarou: “O julgamento [de Bolsonaro] não deveria estar acontecendo”. Ele também classificou o processo como “uma caça às bruxas”.

Lula respondeu afirmando que as declarações de Trump ferem a soberania do Brasil.
A disputa pode ter consequências mais significativas para a Flórida do que para outros estados americanos, devido à forte relação comercial com o Brasil.
O estado, que já liderou a produção de cítricos no país, atualmente representa apenas 17%. Já o Brasil segue como principal exportador global de suco de laranja e é essencial para o abastecimento do mercado dos EUA.
Além da agricultura, a indústria aeroespacial também pode ser impactada. A Flórida é o segundo maior polo de aviação dos EUA e depende da importação de equipamentos brasileiros. Esse setor movimenta mais de US$ 5 bilhões na economia local e emprega mais de 21 mil pessoas, com salários médios de US$ 138 mil.
Vale lembrar que a Flórida é um dos principais redutos eleitorais de Donald Trump. Além disso, o bilionário possui um luxuoso resort na região:Mar-a-Lago. O empreendimento fica em Palm Beach e foi adquirido por Trump em 1985 e reformado em 1993.