Tarifaço de Trump coloca em risco o hambúrguer, símbolo dos EUA

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 19:29
Donald Trump anunciando o tarifaço. Foto: Reprodução

O tarifaço de 50% anunciado pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros deve impactar diretamente o preço do hambúrguer nos Estados Unidos, um dos principais símbolos da cultura americana, conforme informações de Jamil Chade, no UOL. O Brasil é atualmente o quinto maior fornecedor de carne bovina para o mercado norte-americano, responsável por 21% das importações. Com a nova tarifa, a carne brasileira passará a ser taxada em 76,4% a partir de agosto.

Antes mesmo da sanção, o Brasil já lidava com cotas impostas pelos Estados Unidos. Em 2025, a cota de 65 mil toneladas de carne bovina foi preenchida em apenas 17 dias, o que fez com que as exportações subsequentes pagassem uma tarifa de 26,4%. Apesar do custo adicional, o preço elevado da carne nos EUA manteve a competitividade do produto brasileiro, principalmente para a produção de hambúrgueres.

O cenário nos Estados Unidos é ainda mais desafiador devido à redução do rebanho de gado, o menor em mais de 70 anos, com expectativa de queda de mais 2% na produção até o fim do ano. Isso estimulou uma antecipação das compras de carne brasileira, que cresceram 142% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, movimentando US$ 791,2 milhões.

Hamburguer. Foto: Getty Imagesa

A Associação de Restaurantes do Texas e a National Restaurant Association alertaram que os custos dos alimentos devem subir, o que pode provocar fechamento de restaurantes, demissões e impacto direto nos consumidores. O setor teme que a instabilidade dos preços afete o equilíbrio financeiro dos estabelecimentos.

Em contrapartida, a National Cattlemen’s Beef Association considerou o tarifaço um “bom começo” e voltou a defender a suspensão completa das importações brasileiras, citando preocupações sanitárias, como a presença de doenças como EEB e febre aftosa no histórico brasileiro.

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais estima que o impacto imediato será uma redução de 3% nas exportações brasileiras de carne bovina e de 11% nas de carne suína. Além de prejudicar o setor agropecuário brasileiro, a medida deve encarecer o hambúrguer nos EUA, descrito pelo escritor Calvin Trillin como “o símbolo do melhor e do pior dos Estados Unidos”.