Tarifaço dos EUA pode atingir o SUS

Atualizado em 23 de julho de 2025 às 11:36
Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos pode atingir diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS), que é o maior comprador de medicamentos de alta complexidade importados do país norte-americano. O Brasil importou mais de US$ 1,7 bilhão em produtos farmacêuticos dos EUA no ano passado, sendo US$ 930 milhões em medicamentos e US$ 750 milhões em vacinas e imunológicos. Com informações do UOL.

Segundo o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, a sobretaxa pode gerar impactos severos no orçamento público. “A tarifa de 50% nos importados pode gerar um custo muito grande no orçamento do SUS”, afirmou. Ele estima que 60% desses medicamentos abastecem o SUS, enquanto o restante vai para os planos de saúde privados.

A balança comercial do setor farmacêutico é negativa para o Brasil. Em 2023, o país importou US$ 6,7 bilhões em medicamentos. A maior parte dos insumos veio da Índia e da China, destinados à produção de genéricos. Já os remédios de alta complexidade, usados em tratamentos de câncer, doenças raras e outras condições, são majoritariamente comprados de laboratórios dos EUA, Suíça e Alemanha.

A reação política do governo brasileiro contra a medida de Donald Trump preocupa o setor privado, especialmente pela possibilidade de retaliações como a quebra de patentes. A lei de reciprocidade aprovada recentemente permite essa medida, o que pode gerar insegurança jurídica e afastar investimentos futuros.

O Brasil já utilizou esse mecanismo em 2007, ao quebrar a patente do Efavirenz, remédio da Merck utilizado no tratamento da Aids. No entanto, segundo Mussolini, substituir medicamentos complexos não é simples. “Você não pega a fórmula e sai produzindo. Um processo de transferência amigável de tecnologia pode levar cinco anos até que o país consiga fazer localmente”, explicou.

Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma – Foto: Reprodução

O vice-presidente Geraldo Alckmin iniciou conversas com representantes da indústria e do agronegócio para discutir os efeitos do tarifaço e possíveis estratégias. Ele também se reuniu com representantes de empresas de tecnologia dos EUA e receberá o setor farmacêutico para avaliar os riscos de uma retaliação que afete os tratamentos de saúde.