Tarifaço: Haddad procurou Tesouro americano, mas negociação travou na Casa Branca; entenda

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 8:50
Fernando Haddad, ministro da Fazenda – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom

A equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou o Tesouro dos Estados Unidos para discutir a ameaça de sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. O contato com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, ocorreu na segunda-feira (21), mas a resposta foi direta: o tema está sob responsabilidade da Casa Branca. Com isso, os canais formais entre Brasil e EUA continuam bloqueados, e não há previsão para a reabertura das negociações. Com informações da Folha.

Na quarta-feira (23), Haddad afirmou a jornalistas que o governo segue tentando contato com autoridades americanas, mas que as informações estão concentradas no gabinete de Donald Trump.

“Nós estamos fazendo tentativas de contatos reiterados, mas há uma concentração de informações na própria Casa Branca em relação a esse tema”, disse Haddad na ocasião.

Antes disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin também tentou interlocução com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ouviu a mesma resposta. A posição americana é de que apenas com autorização direta de Trump será possível abrir diálogo oficial.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick – Foto: Reprodução

O Itamaraty, por enquanto, descarta enviar uma delegação aos Estados Unidos sem garantia de que será recebida. Haddad ainda vê possibilidade de um acordo antes de 1º de agosto, prazo para início da tarifa, mas afirmou que é preciso reciprocidade. “O Brasil nunca saiu da mesa de negociação, mas precisa haver vontade recíproca”, disse o ministro, que também mencionou negociações em andamento com outros países, como Japão, Vietnã e União Europeia.

A Casa Branca não respondeu aos questionamentos sobre o caso até o fim da última quarta-feira (23). Internamente, ministros já avaliam que a sobretaxa pode ser imposta de forma repentina, dificultando uma reação brasileira. Por isso, o governo tem mantido contatos extraoficiais com autoridades norte-americanas e iniciado articulações com o empresariado dos dois países, especialmente em setores que podem ser prejudicados, como o de etanol.

Haddad afirmou ainda que conhecerá nesta quinta-feira (24) o plano de contingência elaborado por sua equipe técnica, que será apresentado ao presidente Lula (PT) na próxima semana. O governo aposta também no apoio de governadores e de grandes empresas americanas impactadas, como distribuidoras de suco de laranja e multinacionais dos setores de energia, aviação e saúde, que já demonstraram preocupação com os efeitos da medida.

“É bom saber que os governadores estão mobilizados agora e percebendo, finalmente, que é um problema do Brasil. […] É bom notar que eles estão mudando de posição, deixando de celebrar uma agressão estrangeira ao Brasil”, disse o ministro, sem citar o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).