Tarifaço: toneladas de mel são enviadas aos EUA após pedido de produtores

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 14:46
Contêineres com toneladas de mel são embarcados após clientes dos EUA desistirem da compra. Foto: Reprodução

A Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) anunciou, nesta segunda-feira (14), que o embarque de 95 toneladas de mel orgânico produzido no Piauí foi liberado na noite de domingo (13), após uma negociação com os compradores nos Estados Unidos.

A carga, que estava prevista para ser enviada na última sexta-feira (11), foi temporariamente suspensa devido à incerteza sobre a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto. Os contêineres com o mel estavam no Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), a mais de 500 km de distância da sede da Casa Apis, em Picos (PI).

A suspensão do envio foi motivada pela preocupação dos clientes com a possibilidade de que a carga chegasse aos Estados Unidos sob a vigência da tarifa. No entanto, após um apelo dos produtores, a solicitação de liberação foi atendida.

“Há mais de 15 anos trabalhamos com esses clientes. Na sexta-feira, fomos surpreendidos com a solicitação de suspensão do envio. Graças a Deus, recebemos a notícia ontem (13) à noite de que o embarque foi liberado, atendendo à nossa solicitação feita aos clientes”, afirmou Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis.

A carga foi dividida entre diferentes navios, com rotas variadas, o que significa que o mel chegará aos Estados Unidos em datas diferentes. Alguns lotes podem chegar antes de 1º de agosto, enquanto outros, possivelmente, desembarcarão após o início da tarifa.

Sitônio Dantas salientou que, apesar do risco de ter alguns lotes afetados pela nova tarifa, a parceria de longa data com os clientes foi determinante para a liberação do envio.

“Eles atenderam ao nosso apelo por conta da parceria de anos. Alguns lotes devem chegar antes do dia 1º, mas outros podem desembarcar depois. Mesmo assim, eles assumiram esse risco em resposta à nossa solicitação”, explicou o empresário.

Contêineres com toneladas de mel. Foto: Divulgação

Enquanto a Casa Apis conseguiu resolver a questão, outra carga, com mais de 500 toneladas de mel do Grupo Sama, ainda enfrenta dificuldades. Samuel Araújo, CEO do Grupo Sama, informou que as negociações com os clientes continuam, já que nenhum deles deseja receber a carga após o dia 1º de agosto, quando a tarifa entra em vigor. “Estamos fazendo tudo o que for possível para atender a essa demanda”, afirmou ele.

Apesar da suspensão temporária do embarque, os contratos com os clientes seguem mantidos. A Casa Apis espera enviar cerca de mil toneladas adicionais de mel até o final deste ano, somando-se às mil toneladas já exportadas entre janeiro e junho.

Sitônio Dantas alertou, no entanto, para os desafios enfrentados pela cooperativa, como a estiagem, que deverá resultar em uma queda de cerca de 40% na produção de mel em 2025. Além disso, ele expressou preocupação com o impacto do tarifaço, dizendo que, se a tarifa de 50% for mantida, será inviável para os negócios.

Neste caso, a estratégia será dividir a despesa entre exportadores e importadores. “Vamos torcer e pedir a Deus para que tudo se encaminhe para um desfecho positivo”, concluiu Sitônio.

Os Estados Unidos são responsáveis por 80% das exportações de mel do Brasil, e, em 2024, o Piauí liderou o ranking brasileiro de exportação de mel, apesar de não ser o maior produtor do estado.