
Em Washington, durante uma cúpula de inteligência artificial nesta quarta-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que seu governo pretende impor tarifas de até 50% a países com os quais os EUA “não têm se dado muito bem”.
“Teremos uma tarifa direta e simples de algo entre 15% e 50%. A alguns —temos 50% porque não temos nos dado muito bem com esses países.” O Brasil, sob alegações de uma “caça às bruxas” promovida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento de Jair Bolsonaro, tornou-se o único país anunciado com tarifa de 50% até o momento.
Enquanto isso, o Japão — que assinou um acordo comercial com os EUA na terça-feira (22) — foi contemplado com uma alíquota de 15%, menor que os 24% anunciados em abril, porém superior à taxa temporária de 10% que vigorava até então.
A nova sinalização de Trump sobre um piso de 15% representa uma guinada em sua estratégia de sobretaxar quase todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos. No começo do mês, o presidente havia declarado que mais de 150 países receberiam uma notificação com uma tarifa de “provavelmente 10% ou 15%, ainda a definir”.
No último domingo (20), o Secretário de Comércio Howard Lutnick informou à CBS News que países menores, como os da América Latina, Caribe e África, receberiam a alíquota básica de 10%. Em abril, Trump havia proposto uma tarifa universal de 10% para quase todas as nações, recuando das propostas iniciais mais agressivas.
A declaração feita nesta quarta mostra que Trump quer endurecer as tarifas especialmente com países que ainda não chegaram a um entendimento com Washington. Esta semana, o presidente anunciou acordos com Japão, Indonésia e Filipinas, e um entendimento com a União Europeia estaria próximo.

Com o prazo de 1º de agosto se aproximando, o governo brasileiro ainda não conseguiu abrir um canal formal de negociação com os EUA para tratar das sobretaxas de 50% sobre produtos nacionais.
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, os americanos indicaram que qualquer avanço depende de autorização direta de Trump. O tema estaria sendo analisado pela Casa Branca, sem previsão de retorno às iniciativas do governo Lula (PT).
Embora o governo americano tenha sinalizado interesse em ampliar os acordos comerciais, Trump tem apresentado as comunicações unilaterais como “acordos”, o que demonstra pouca disposição para negociações bilaterais. Mesmo assim, ele afirma que ainda é possível obter reduções tarifárias mediante pactos específicos.
Na terça-feira (22), Trump revelou que baixou a tarifa de 25% para 15% imposta ao Japão após o país asiático eliminar restrições a alguns produtos norte-americanos e anunciar investimentos de US$ 550 bilhões em território americano.
Outros países, como Coreia do Sul, Índia e membros da União Europeia, seguem tentando firmar acordos antes do início de agosto, para evitar tarifas mais elevadas.
Durante o evento desta quarta, Trump justificou a política tarifária alegando a impossibilidade de conduzir negociações com todos os países, dada a grande quantidade de nações envolvidas. Ele classificou as tratativas com a União Europeia como “sérias”.
“Se eles concordarem em abrir o bloco para as empresas americanas, então permitiremos que paguem uma tarifa mais baixa”, afirmou o presidente norte-americano.