Tarifas de Trump podem dar “duro golpe” no mercado de azeite, diz maior produtora do mundo

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 22:20
Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

A Deoleo, maior produtora de azeite do mundo, alertou que os consumidores dos Estados Unidos podem ser os mais afetados pela tarifa de 30% anunciada por Donald Trump sobre produtos da União Europeia. A medida deve entrar em vigor em 1º de agosto e preocupa o setor. Segundo o CEO da empresa, Cristóbal Valdés, “vale lembrar que cerca de 95% do azeite consumido nos EUA é importado, então essas medidas vão acabar afetando o consumidor final”.

A produção interna de azeite nos Estados Unidos é considerada pequena, com cerca de 16 mil hectares destinados à cultura de oliveiras. Já a União Europeia lidera o mercado global com cerca de 4 milhões de hectares. Espanha, Itália e Grécia concentram a maior parte da produção, sendo a Espanha a principal referência internacional em volume e preço.

Os Estados Unidos representam mais de um quarto do faturamento da Deoleo, o que torna o país uma prioridade estratégica para a companhia. Para enfrentar o possível aumento de tarifas, a empresa prepara uma série de ações para manter o produto acessível no mercado americano. Valdés afirmou que, diante do cenário, a Deoleo vai intensificar a comunicação com o público e reforçar a presença de suas marcas.

Cristóbal Valdés, CEO da Deoleo – Foto: Reprodução

“Além do diálogo institucional, estamos reforçando nossa presença nos EUA com campanhas para mostrar os benefícios do azeite e renovando nosso compromisso com as marcas, especialmente a Bertolli, que hoje é sinônimo de confiança e qualidade para os americanos”, explicou o executivo em entrevista à CNBC. A Bertolli é uma das marcas mais conhecidas da empresa no país.

A Deoleo também avalia ajustes logísticos e comerciais para garantir o abastecimento. Valdés ressaltou que “acima de decisões táticas, nossa prioridade é proteger o acesso dos americanos a um alimento essencial para a saúde. O acesso ao azeite não deveria ser dificultado, pelo contrário, deveria ser estimulado”.

Especialistas do setor afirmam que as tarifas podem causar desequilíbrio no mercado internacional. Um possível excesso de oferta na Europa, provocado pela queda das exportações aos EUA, tende a pressionar os preços para baixo.

Outras categorias de alimentos, como queijos italianos, vinhos franceses e uísques irlandeses, também estão em alerta com a nova política tarifária americana.