Taxação de Trump prejudica sobretudo comércio de derivados de petróleo, alerta FUP

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 19:04
Donald Trump anunciando o tarifaço internacional. Foto: reprodução

Além de importar 30% de diesel, Brasil poderá ter dificuldades para novos mercados de exportação para seus combustíveis
Rio de Janeiro, 14 de julho de 2025 – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta para os riscos da decisão dos Estados Unidos de elevar tarifas sobre produtos brasileiros, com possível impacto sobretudo na importação de diesel – que somos dependentes em cerca de 30% da nossa demanda e a Petrobrás é a grande importadora. As medidas anunciadas podem ter impactos relevantes para a empresa que, diante de possíveis barreiras comerciais, teria facilidade em redirecionar sua exportação de petróleo bruto para outros mercados, mas enfrentaria maior dificuldade para encontrar destinos alternativos para seus derivados.

Como consequência, a medida pode aumentar a oferta no mercado interno. “No primeiro trimestre de 2025 a Petrobrás exportou para os EUA apenas 4% (em média 22 mil barris/dia) do total de petróleo exportado, esse volume vem apresentando queda em relação ao mesmo período do ano anterior e também no trimestre anterior”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP. A China ficou com 36% do total de óleo exportado pela estatal brasileira, a Europa com 27% e a Ásia (sem a China) com 33%.

Em relação aos derivados de petróleo, a Petrobrás exportou 37% do total para os EUA (média de 17 mil barris/dia) e vinha num movimento crescente de vendas para o mercado norte-americano. Cingapura ficou com 53% dos derivados exportados pela Petrobrás. “Caso a taxação avance, a realocação de mercados para derivados será mais complexa e pode afetar receitas, empregos e logística”, pontua Cloviomar Cararine, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP).

Plataforma brasileira de extração de petróleo. Foto: reprodução

Existe a possibilidade de os combustíveis minerais brasileiros continuarem isentos de tarifas, dado o interesse estratégico dos Estados Unidos e a ausência de menção específica na comunicação oficial. No entanto, a FUP também chama atenção para o risco de retaliação brasileira, que pode pressionar o preço do diesel comprado dos EUA – 30% do consumo interno do produto é importado, com impacto direto sobre o transporte e a inflação.

A Federação defende uma política energética soberana, com foco na ampliação da produção de derivados, com a retomada do refino, segurança no abastecimento e valorização do trabalho. O Brasil não pode seguir vulnerável a decisões unilaterais de potências estrangeiras.