Teixeira, botox, Galvão & cia: a punição suave do assessor da CBF que socou um jogador do Chile

Atualizado em 1 de julho de 2014 às 0:11
Paiva e Ricardo Teixeira
Paiva e Ricardo Teixeira

 

Entre todos os problemas de que a seleção brasileira não precisava, um deles era seu assessor de imprensa. Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF, deu um soco no atacante Pinilla no meio tempo do jogo com o Chile. Um soco. A agressão foi registrada em vídeo.

Paiva foi suspenso por apenas uma partida (contra a Colômbia). “Ele recebeu um tipo de cartão vermelho no intervalo. Não posso mais fazer comentários enquanto há um processo em curso”, declarou o porta voz da Fifa Delia Fischer.

Com razão, a imprensa chilena e especialmente a uruguaia estão reclamando da leveza da pena. Pinilla mesmo o chamou de “delinquente”. “O senhor Rodrigo Paiva, chefe de imprensa do Brasil, me agrediu com o punho no túnel sem razão. A Fifa não pode suportar esse delinquente. A Fifa tem que intervir, isso é algo gravíssimo. Um idiota qualquer não pode vir e agredir um jogador, muito menos um chefe de imprensa”, disse.

Paiva se defende dizendo que foi apartar uma briga, levou um soco na barriga e reagiu “empurrando alguém do Chile”. Fala também em “conduta reprovável” da delegação chilena.

A confusão ainda precisa ser apurada completamente, mas Paiva já havia protagonizado uma cena grotesca na coletiva antes do jogo. Um jornalista do Chile fez uma pergunta a Felipão e Thiago Silva: “Esta semana a seleção chilena, Alexis Sanchez, Jorge Valdivia e mesmo o presidente da federação  manifestaram seus temores pela arbitragem de amanhã, que poderia ser ‘caseira’. Que pensam ambos?”

Paiva, à Aécio Neves, afetando indignação, tomou a palavra e passou uma descompostura no repórter, com um papo furado sobre a inadequação do questionamento “primitivo”(?). “Esse tipo de pressão sua é até ridícula. Isso não é um desrespeito não só com a Fifa e o árbitro da partida, mas com a seleção brasileira, com as pessoas que trabalham aqui de forma séria, com 100 anos de história de futebol brasileiro vencedor. Desrespeito, acima de tudo, com o povo brasileiro. (…) Não adianta insistir que nós não vamos falar mais nada sobre isso, tá bom?”

No Jornal Nacional, Galvão Bueno defendeu a postura de Paiva  (aquilo seria uma “acusação”, segundo Galvão). E isso é absolutamente compreensível: Rodrigo tem uma longa folha de serviços prestados à Globo. Indicado por Ricardo Teixeira em 2002, próximo do chefão, sobreviveu à sua queda graças a José Maria Marín. Paiva ajuda a entender por que a CBF é tão desprezada.

Influente, poderoso, dado a aparecer em colunas sociais (foi casado com Maitê Proença), ele sabotou Dunga na Copa de 2010, passando informações negativas sobre o técnico, que achou que poderia romper o tratamento privilegiado que a Globo tem. De acordo com Dunga, Paiva plantou até notícias de que ele não teria deixado “a Fátima Bernardes entrar no hotel para entrevistar os jogadores e que, por isso, ela teria ficado ao relento até tarde da noite e doente”.

Vaidoso, faz botox e frequenta camarotes VIPs no carnaval. Trabalhou com Renato Gaúcho, Romário, Edmundo e Ronaldo Fenômeno (saiu ao se desentender com Daniela Cicarelli).

Paiva não tem mandato para falar em nome do povo brasileiro, mas acha que tem. O que ele faz é tráfico de influência. Hoje, questionado sobre o affair Pinilla na coletiva, soltou: “Quem for carinhoso comigo não vai se arrepender”.

“Quem for carinhoso comigo não vai se arrepender”.

Comparada a uma frase desse calibre, uma mistura de chantagem, cumplicidade e ameaça, a mordida de Suárez é um beijo, abraço, aperto de mão.