Temer confessa crime de lesa democracia ao dizer que age como efetivo mesmo sendo só um interino. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 11 de julho de 2016 às 14:55
Olha para a frente e não vê nada
Olha para a frente e não vê nada

Não sei o que é pior: Temer dizer que age como efetivo apesar de saber que é interino ou os entrevistadores da Folha, diante desse absurdo, não manifestarem estranheza na entrevista publicada neste domingo.

É o encontro do interino sem noção com o jornal entorpecido.

Interino tem que agir como interino. Só pode agir como efetivo depois que for etetivado.

É um fato básico da civilização e da democracia, mas Temer e a Folha parecem não saber disso.

Ou pior: Temer sabe, mas se finge de morto já que ninguém lhe cobra nada.

Como um falso efetivo, ele tomada medidas para ajudá-lo a ser mais que um interino. Nomeia pessoas ligadas a senadores supostamente indecisos, como Romário.

É legítimo? É legal? É constitucional? É decente? Há um nome para isso: usurpação. Ou golpe.

Temer é um usurpador.

George Orwell, o grande autor britânico de 1984, defendia um conceito para a vida em sociedade: a decência básica. The common decency. Temer ofende a decência básica com seu comportamento.

Imagine que o impeachment não seja aprovado na votação decisiva. O que você faz com todas as coisas feitas por Temer indevidamente? Nomeações, medidas, estas coisas todas de que ele deveria se abster enquanto fosse provisório?

Demite todo mundo, revoga tudo?

É uma irresponsabilidade, além do mais. Temer já tem idade suficiente para saber disso.

O país sofre de uma doença, disse outro dia. Temerite. Temerite aguda, derivada de um mero interino que insensatamente age como se fosse dono de milhões de votos.