O recuo — mais um — de Temer ao cancelar sua participação no encerramento da Olimpíada do Rio não é apenas covardia.
É uma desfeita com os poucos chefes de estado que vieram ao Brasil mesmo diante de nossa bagunça institucional — especialmente o primeiro ministro japonês Shinzo Abe, que estará no Rio para a passagem do bastão para os Jogos de Tóquio em 2020.
É, igualmente, uma demonstração de cinismo e dissimulação. O próprio Temer desfez dos apupos citando Nelson Rodrigues, segundo o qual “o Maracanã vaia até minuto de silêncio”.
Deu a entender que estava acima disso e não se importava. Mentira. Naquele corpo sem pescoço vive um anão moral vaidoso que não está acostumado com o chamado povo.
A refugada do interino é, sobretudo, uma vitória dos manifestantes que levaram seus cartazes de “Fora Temer” mesmo correndo o risco de ser expulsos das arenas por policias e pseudo policiais.
A assessoria declara que ele “não cogitou ir”. Mentira. Temer foi enxotado. É persona non grata.
Veja o caso de Dilma. Na abertura da Copa, mandaram-na tomar naquele lugar. Mesmo assim, ela foi à cerimônia no último dia do evento, onde voltou a ser xingada. Seu ex-vice decorativo prefere se esconder.
O interino se acoelhou porque sabe que está de penetra numa festa que não organizou. Para o bem e para o mal, aquilo é uma realização de Lula e seu sonho de, como ele mesmo definiu, “mostrar o Brasil ao mundo”.
“Na abertura me senti como no filme ‘Esqueceram de Mim’ e me dei conta de que não haveria Jogos Olímpicos se não fosse por mim”, falou num ato em Santo André.
Lula e Dilma assistirão o fechamento da Rio 2016 do sofá — mas dignamente, ao contrário do medroso chefe da camarilha, ferido em seu orgulho de espertalhão usurpador.