Temer, o sádico, pôs uma escravocrata no Ministério do Trabalho. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 5 de janeiro de 2018 às 0:02
Ana Maria Braga e um popular

O que esse país vem assistindo desde a ascensão de Michel Temer ao cargo de presidente da República é algo realmente assombroso. 

Desde que o pesadelo da ditadura militar foi oficialmente superado, não sofríamos um atentado tão brutal à nossa soberania nacional, aos direitos trabalhistas, à produção de conhecimento e à própria dignidade humana dos brasileiros. 

Alçado ao poder da forma mais ultrajante que um homem pode se utilizar: pela via da traição, a canalha que se serviu dos antros da República fez refletir os mais obscuros desígnios de seu comandante supremo.

Rodeado pela mais vexaminosa escória já produzida pela política brasileira, Temer realmente conseguiu escalar uma verdadeira seleção de criminosos confessos, investigados e condenados jamais vista na esplanada dos ministérios.

Não é tarefa fácil indicar qual dos seus ministros, entre os que passaram e os que ainda persistem, ofende mais à moral e à razão pública.

Dos que atualmente encontram-se encarcerados, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, ambos são legítimos exemplares das “pessoas de bem” que, “contra a corrupção”, aderiram alegremente ao golpe.

A dupla de apenados já seria mais do que suficiente para demonstrar o caos a que essa nação foi exposta desde que a democracia foi ferida de morte neste país.

Mas o mal não vem só à galope, vem também à profusão.

De uma ministra dos Direitos Humanos negra – e racista – à um ministro da educação praticamente um analfabeto funcional, passando, claro, pelo inominável Carlos Marun, o que temos é um massacre impiedoso do governo central contra o povo brasileiro.

No embalo da tradição formada, ao sair o cidadão que entrou para a história como o cretino que quis legalizar o trabalho escravo – pensando nas eleições, revogou sua própria proposta – Temer não deixou por menos e nomeou em seu lugar não um simpatizante, mas uma escravocrata convicta já carimbada pela justiça.

Cristiane Brasil, a filha de Roberto Jefferson indicada para a pasta do Ministério do Trabalho (é inacreditável que tenhamos que escrever isso) já foi condenada por obrigar o seu motorista a trabalhar 15 horas por dia.

É essa mulher que Michel Temer e sua corja escolheram para cuidar do ministério responsável pela criação de empregos num país de 13 milhões de desempregados.

Uma vez rasgada a Consolidação das Leis Trabalhistas, agora uma senhora de escravos dos tempos modernos irá ditar as políticas de como serão empregadas, ou escravizadas, essa legião de errantes num país em que o futuro passou repentinamente a andar de marcha-a-ré.

Até posso entender que é difícil para o presidente encontrar alguém com dignidade e vergonha na cara que tope participar dessa pocilga a que ele chama de governo, mas Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho não é só incompetência, inaptidão, falta de escolha e virulência, é sadismo puro.

É bem verdade que a passividade com que o povo brasileiro está se deixando amordaçar e ser sodomizado meio que o incentivam, quase que o autorizam, a fazer o que está fazendo.

Na falta de quem diga um “basta”, tudo parece estar sendo permitido e consentido com aquele estranho prazer de quem consegue enxergar na dor, no sofrimento e na humilhação a relação perfeita entre dominador e dominado.

Não fosse uma tragédia, seria cômico, hilário até, que um velho diagnosticado com infecção urinária e que precisa de uma sonda para fazer parte de suas necessidades básicas esteja empalando um país inteiro.  

Em tempo, como se tudo isso já não fosse o bastante, o suplente que assumirá a vaga de Cristiane Brasil é o senhor Nelson Nahim, outro “cidadão de bem” condenado a 12 anos de prisão num processo onde foi acusado por exploração sexual de menores e tráfico de drogas.