Tensão no STF: receio de pedido de vista de Fux marcou julgamento de Bolsonaro

Atualizado em 13 de setembro de 2025 às 8:28
Os ministros do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux e Alexandre de Moraes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux foi alvo de apreensão durante todo o julgamento que condenou Jair Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista. A principal preocupação entre os magistrados era a possibilidade de que ele pedisse vista, o que poderia paralisar a ação. Fux, no entanto, manteve a sinalização de que não faria esse movimento, mas seu posicionamento gerou desconforto na Primeira Turma. As informações são de Bela Mengale, do jornal O Globo.

A tensão atingiu o ponto mais alto na quarta-feira (10), quando Fux surpreendeu os colegas ao negar a existência de tentativa de golpe de Estado e ataques às instituições, episódios que ele mesmo havia relatado ter vivido em 7 de setembro de 2021, quando era presidente do STF. Naquele momento, o tribunal chegou a reforçar a segurança com snipers no prédio diante do risco de invasão.

Luiz Fux, ministro do STF, e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

As contradições no voto de Fux chamaram ainda mais atenção porque destoaram de sua postura em mais de 400 processos relacionados ao 8 de janeiro de 2023. Além disso, suas falas foram interpretadas como ataques diretos a outros ministros, especialmente Alexandre de Moraes. Para evitar um clima ainda mais tenso, Cristiano Zanin e os demais integrantes da Turma optaram por não interrompê-lo durante sua manifestação.

Segundo relatos, Fux havia pedido, uma semana antes do início da análise, que seu voto não fosse interrompido. Os colegas temiam que qualquer intervenção fosse usada como justificativa para um pedido de vista. O receio fez com que os ministros mantivessem silêncio mesmo diante de divergências relevantes em seu discurso.

Outro ponto que incomodou os colegas foi a duração de sua manifestação. Com mais de 13 horas, o voto foi interpretado como uma tentativa de “vencer pelo cansaço” e prolongar o impacto de sua posição. Para neutralizar a estratégia, Zanin decidiu estender a sessão até que Fux concluísse sua fala no mesmo dia, evitando que a repercussão se arrastasse para outra data.

A definição do julgamento veio apenas no dia seguinte, quinta-feira (11), quando os votos de Cármen Lúcia e Zanin consolidaram a condenação de Bolsonaro e dos demais réus. Com isso, confirmou-se que Fux não faria nenhum movimento para paralisar a análise, embora sua atuação tenha deixado marcas no ambiente interno do Supremo.