O Aeroporto Internacional de Guarulhos passou a adotar medidas mais rígidas de segurança para voos internacionais após reunião com representantes da TSA (Transportation Security Administration) dos Estados Unidos. A principal novidade é a obrigatoriedade de que todos os líquidos e cremes de até 100 ml estejam acondicionados em saquinhos plásticos do tipo zip lock, sob pena de descarte imediato. A regra já começou a ser aplicada, pegando passageiros de surpresa.
Embora o limite de 100 ml para líquidos já fosse conhecido, a exigência do uso do zip lock nunca havia sido cobrada de forma efetiva em Guarulhos. Passageiros que não se adequaram à nova norma tiveram de jogar fora perfumes, cosméticos e até medicamentos. Alguns chegaram a usar produtos no próprio corpo antes do embarque em forma de protesto. Diferente de outros países, não houve período de adaptação ou distribuição inicial dos saquinhos pelo terminal.
A medida coincide com a presença de agentes da TSA em São Paulo, em um momento de tensões diplomáticas entre os governos de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a posse do republicano, a Embaixada dos EUA no Brasil tem intensificado comunicados alertando para regras mais duras de entrada no país, incluindo a revisão de milhões de vistos já concedidos e exigência de entrevistas presenciais para solicitações a partir de setembro.
Os avisos publicados pela embaixada nos últimos meses também endurecem o tom em relação à imigração. Entre eles, mensagens sobre deportações, maior vigilância nas fronteiras e alertas contra fraudes matrimoniais para obtenção de cidadania. Um dos comunicados recentes advertiu que “a cidadania norte-americana não está à venda”, evidenciando a política restritiva do governo Trump.
A administração de Guarulhos, por sua vez, alegou que segue apenas as determinações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em nota, citou a Resolução nº 515 de 2005, que regulamenta o transporte de líquidos em áreas de embarque internacional. O terminal não esclareceu, no entanto, por que a obrigatoriedade do zip lock só passou a ser aplicada agora.
A implantação repentina das novas regras gerou confusão no maior aeroporto do país, que ainda enfrentou um apagão na tarde do mesmo dia, complicando ainda mais a situação de passageiros em trânsito. A embaixada americana não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre a presença da TSA no Brasil e a ampliação do controle sobre viajantes brasileiros rumo aos Estados Unidos.