Terror no ar: o dia em que os EUA explodiram um avião do Irã com 290 pessoas (66 crianças). Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de janeiro de 2020 às 8:02

Um episódio infame, lembrado pelo presidente do Irã no Twitter em sua resposta ao estúpido Donald Trump, ajuda a entender a tensão entre iranianos e americanos.

Após a ameaça de Trump de destruir 52 alvos dos inimigos, Hassan Rouhani escreveu sobre a necessidade de se “lembrar do número 290. Nunca ameace a nação iraniana”.

Terminou com a hashtag #IR655 — número do vôo numa tragédia causada pelos EUA.

Na manhã de 3 de julho de 1988, um navio de guerra chamado USS Vincennes disparou dois mísseis contra um Airbus A300 da Iran Air, eliminando as 290 pessoas a bordo, entre elas 66 crianças.

Havia ali cidadãos de Índia e Itália, entre outros países.

O destino era Dubai, a um hora de distância, e a aeronave explodiu sobre o estreito de Ormuz.

O capitão William C. Rogers declarou ter achado que era um caça iraniano do tipo F-14 Tomcat prestes a atacar.

As supostas tentativas de contato ocorreram na frequência militar, inexistente no Airbus, e no modo emergencial civil, em que as mensagens não têm destinatário certo.

Os relatos de oficiais americanos de que o avião estava em posição de confronto — voltado para baixo — foram desmentidos.

O Irã classificou o incidente de “ato bárbaro” e “atrocidade”.

Apenas em 1996 a Corte Internacional de Justiça obrigou o governo americano a indenizar as famílias em cerca de 300 mil dólares por vítima.

Os Estados Unidos, porém, nunca assumiram a responsabilidade. Estão, sempre estiveram, acima disso.

Os assassinos foram premiados. Rogers ganhou a prestigiosa medalha da Legião do Mérito e saiu de cena como herói nacional.

O então vice-presidente George Bush (o pai) falou o seguinte na ocasião: “Eu nunca pedirei desculpas pelos EUA. Nunca. Não ligo para os fatos”.

É esta a nação que o capacho Jair Bolsonaro está seguindo numa guerra como o sabujo que é, o nariz enfiado nas partes íntimas e sangrentas de seu dono.