Tese da defesa de Bolsonaro é vista como oportunista entre generais golpistas; entenda

Atualizado em 30 de novembro de 2024 às 7:48
Defesa de Bolsonaro adota tese de “golpe do golpe” e provoca ruptura com militares aliados

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) passou a adotar a tese do “golpe dentro do golpe”, argumentando que a trama golpista do final de 2022 não visava manter o ex-presidente no poder, mas sim transferi-lo para uma junta militar liderada por generais de alta patente, como Augusto Heleno e Walter Braga Netto.

Como conta a Folha de S.Paulo, essa linha de defesa gerou desconforto entre os militares próximos a Bolsonaro, que veem a estratégia como uma tentativa do ex-presidente de se proteger de forma oportunista.

Essa alternativa se baseia em um documento elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes, suspeitos de planejar o golpe. O texto propunha a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise liderado por militares após um golpe de estado ser articulado.

Advogados de Bolsonaro argumentam que ele não seria beneficiado pelo plano e que desconhecia seu teor. Durante uma entrevista à GloboNews, o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno afirmou que o objetivo do plano do general Mario Fernandes era formar uma junta militar pós-golpe, e que, em nenhum momento eles consideram o Bolsonaro junto.

“Não tem o nome dele [Bolsonaro] lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, reforçou.

A relação entre Bolsonaro e Heleno e Braga Netto, era marcada pela confiança e lealdade durante o governo. Ambos ocupavam posições de destaque na administração e eram vistos como aliados de primeira hora. Para pessoas próximas dos militares, essa estratégia de defesa mostra que o projeto político do ex-presidente foi colocado acima das amizades com os fardados que demonstraram lealdade durante o governo.

A defesa de Bolsonaro foi procurada pela Folha para comentar, mas não respondeu.

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