Texas: excesso de umidade fez rio subir 9 metros em 2 horas; entenda

Atualizado em 7 de julho de 2025 às 12:27
Vista aérea feita por drone mostra casas alagadas após chuvas torrenciais que provocaram enchentes repentinas ao longo do Rio Guadalupe, em San Angelo, Texas, EUA. Foto: Reuters

O excesso de umidade na atmosfera foi o principal “combustível” para a tragédia climática que atingiu o Texas entre os dias 3 e 4 de julho. A água do rio Guadalupe, no condado de Kerr, subiu quase nove metros em apenas duas horas, segundo o serviço de meteorologia local.

A explicação está no calor intenso e na umidade atípica da região, agravada pelo aquecimento das águas do Golfo do México e do Oceano Pacífico. “Esse excesso de umidade na atmosfera se transforma em combustível para as chuvas, que se tornam mais intensas e rápidas — como o que aconteceu no Rio Grande do Sul”, explicam meteorologistas.

A força da chuva pegou os moradores de surpresa, impedindo a fuga antes que a água tomasse tudo. Em poucas horas, choveu o equivalente a três meses. “Uma chuva repentina como essa vai ter mais dificuldade para ser absorvida”, disse Brett Anderson, meteorologista sênior da AccuWeather. “Ela simplesmente escorre. É como concreto.”

A tragédia ocorreu durante o feriado da Independência dos EUA, na madrugada de sexta-feira (4). O número de mortos chegou a 82, e mais de 40 pessoas seguem desaparecidas, incluindo dez meninas que participavam de um acampamento.

De acordo com Robert Henson, meteorologista da Yale Climate Connections, o solo da região estava seco e compactado por causa de uma forte seca, o que agravou o impacto das chuvas. “Como costuma acontecer com os piores desastres, muitas coisas se juntaram de uma forma terrível”, afirmou.

A chuva caiu sobre a região montanhosa, fazendo com que a água descesse rapidamente para bacias hidrográficas estreitas, que encheram em poucos minutos.

Mudanças climáticas

Especialistas apontam que o fenômeno tem relação direta com as mudanças climáticas. Com o planeta mais quente, os oceanos absorvem mais calor, intensificam a evaporação e liberam umidade em excesso para a atmosfera. Isso torna os eventos de chuva mais intensos e frequentes.

A NOAA, agência climática dos EUA, já havia alertado para uma temporada de furacões acima da média devido ao aquecimento anormal do Golfo do México. Segundo a WMO (Organização Meteorológica Mundial), a cada 1 °C de aumento na temperatura global, o ar pode conter 7% a mais de vapor d’água, elevando o risco de desastres como esse.

O caso no Texas não é isolado. Em junho, chuvas torrenciais deixaram ao menos 13 mortos em San Antonio, também no Texas. Já na Virgínia Ocidental, no mês passado, nove pessoas morreram após 10 centímetros de chuva caírem em apenas 40 minutos.

“Estamos vivendo em um planeta que está acima das médias históricas de temperatura. O ano de 2024 foi o mais quente da história, e 2025 segue com temperaturas altas. O mês de maio deste ano, por exemplo, foi o segundo mais quente já registrado”, destacam os meteorologistas.

O volume de chuva no Texas é um dos maiores desastres ambientais da história do estado. Mesmo com alertas emitidos pelas autoridades locais, a velocidade da tempestade impediu uma resposta rápida. As autoridades seguem em busca dos desaparecidos.