
A revista britânica The Economist publicou editorial afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria concorrer à reeleição em 2026. Segundo o texto, embora o Brasil tenha mostrado em 2025 a resiliência de suas instituições democráticas, o país “merece escolhas melhores” no próximo pleito. A publicação lembra que, em agosto, dedicou capa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao julgamento que o condenou por liderar uma trama golpista.
O editorial publicado nesta terça-feira (30) afirma que a principal razão para Lula, de 80 anos, não disputar um novo mandato é a idade. A revista afirma que mais quatro anos de governo representariam risco com um governante octogenário. O texto compara o caso ao do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, citando custos políticos de candidaturas em idade avançada, e registra que Lula aparenta melhores condições físicas.
A revista menciona ainda problemas de saúde recentes, como a cirurgia cerebral realizada em dezembro de 2024, após uma queda em casa. Em caso de reeleição, Lula terminaria o mandato aos 85 anos.
Publicação cita corrupção, economia e desgaste político
O texto afirma que escândalos de corrupção associados aos primeiros mandatos seguem pesando para parte do eleitorado. A revista também critica a política econômica atual, descrita como pouco ambiciosa e focada em programas de transferência de renda, apesar de registrar avanços como a reforma tributária. Segundo o editorial, “carisma não é escudo contra o declínio cognitivo”, ao defender que o presidente abra mão de nova candidatura.
A The Economist afirma que Lula segue favorito pela falta de adversários competitivos no centro e na esquerda. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é citado como nome cogitado, mas apontado como sem apelo eleitoral.
Brazil’s president would do his country a favour and burnish his legacy by announcing that he will stick to his promise and stand aside https://t.co/F95C9PUaUV
— The Economist (@TheEconomist) December 30, 2025
A revista menciona pesquisa Datafolha de junho, segundo a qual 57% dos entrevistados rejeitam a candidatura à reeleição, enquanto 41% defendem. Outra pesquisa do instituto, em dezembro, apontou 32% de avaliação positiva do governo, 37% negativa e 30% regular.
Tarcísio e Flávio Bolsonaro são citados como opções na direita
No campo da direita, o editorial afirma que Jair Bolsonaro mantém influência e tenta transferir apoio ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), classificado pela revista como pouco competitivo contra Lula.
Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado como alternativa com melhor posição nas pesquisas, mesmo sem candidatura oficializada. O texto conclui dizendo que Lula “faria um favor ao país” ao anunciar que não concorrerá e que, se isso não ocorrer, caberá à direita reorganizar-se em torno de um nome competitivo para 2026.