The Economist: tarifaço de Trump é mais latido que mordida e Lula agiu com firmeza

Atualizado em 9 de agosto de 2025 às 8:57
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

A revista britânica The Economist avaliou que as tarifas de 50% impostas por Donald Trump ao Brasil têm mais efeito político do que econômico e que o país “pode ter evitado o pior — por enquanto”.

Segundo a publicação, o tarifaço anunciado em 6 de agosto é uma retaliação ligada à situação jurídica de Jair Bolsonaro, e não a questões comerciais. O caso brasileiro é citado como o exemplo mais claro de Trump usando o comércio como ferramenta de pressão sobre outro país.

O impacto econômico, no entanto, tende a ser limitado. Quase 700 produtos, incluindo aviões, petróleo, celulose e suco de laranja, foram isentados da tarifa, mas itens como café, carne e frutas continuam sujeitos à alíquota cheia.

Atualmente, apenas 13% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos — bem menos que há 20 anos —, enquanto a participação da China subiu para 28%. O país exporta relativamente pouco em relação ao PIB, o que também reduz o alcance da medida.

A revista aponta que Lula reagiu com firmeza ao afirmar que o Brasil não será “tutelado” por um “imperador”, mas adotou estratégia diplomática, articulando com empresas brasileiras e parceiras nos EUA para obter as isenções. Para a Economist, Lula pode se beneficiar politicamente por ser alvo de Trump, mas deve evitar transformar a questão em um confronto maior.

O maior risco, segundo a análise, está nos próximos passos. Lula indicou que discutirá com outros membros do BRICS formas de reagir às tarifas, o que poderia escalar para uma guerra comercial. Trump já chamou o grupo de “antiamericano” e ameaçou novas tarifas de 10% sobre produtos de seus integrantes.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.