Se já vinha sendo ensaiada na teoria, a participação de figuras do Jornalismo da Globo na publicidade agora se consuma na prática. Tiago Leifert, um precedente para abrir aos jornalistas da emissora a chance de fazer comercial, protagoniza, neste momento de Copa do Mundo, uma campanha de empresa de telefonia e internet, estando agora não como apresentador de programa de entretenimento, mas sim como apresentador de um noticiário – noticiário esportivo, vá lá, mas noticiário. Não é ficção, não é show, é jornalismo.
Ao transitar do Jornalismo para o Entretenimento, Leifert passou a estar apto a fazer publicidade. O contrário se deu com Felipe Andreoli, que entrou na Globo pela área do entretenimento e depois foi convocado a fazer o “Globo Esporte”. Quando chegou ao Jornalismo, o rapaz já tinha aval para vender anúncios.
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O aval foi dado e estendido a locutores. Agora, com Leifert no papel noticioso, mas brecha aberta à publicidade, deu-se o choque de ver no vídeo alguém que anuncia nos intervalos e lhe transmite notícias, em tese sem interesses comerciais, logo em seguida.
Negócio puro, com Jornalismo em segundo ou terceiro plano.
De todo modo, isso abre um precedente para que jornalistas de economia, política ou cultura possam pleitear os mesmos direitos. Joelmir Beting, não custa lembrar, foi demitido da Globo por fazer comercial para um banco.
Um cachê de campanha publicitária pode valer mais que um ano inteiro de salário, como se sabe. Não será fácil resistir a essa equação, tentadora para a empresa e para o profissional, ainda mais em tempos de crise. E quando a coisa fica assim numa Globo, marca tradicionalmente ciosa de seu valor editorial, significa que nos outros canais, mais necessitados de verba publicitária, a confusão entre esses papéis já é maior.