Tico Santa Cruz ao DCM na TVT: “Crivella me chamou para conversar”. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 18 de outubro de 2016 às 9:36
Tico Santa Cruz
Tico Santa Cruz

 

Tico Santa Cruz, líder dos Detonautas e voz de esquerda isolada no rock nacional, foi um dos entrevistados no programa do DCM na TVT.

Tico recebeu a equipe no camarim de um teatro na Vila Olímpia, em São Paulo, onde apresentava um show com repertório de seu ídolo Cazuza.

Recentemente, se envolveu numa polêmica em torno de uma possível convocação para depor na CPI da Lei Rouanet.

Estranhamente, o outro nome que iria fazer companhia a Tico era José de Abreu. Acabou não se concretizando — o que o deixou decepcionado. “Eu me ofereci para ir”, diz ele. “Era uma oportunidade para explicar a lei”.

“A banda Detonautas sempre se posicionou contra o sistema. Nosso empresário na época nos convenceu de que seria uma boa ideia [tentar recursos em lei de incentivo]. Nunca captamos nada”, afirma.

“Eu me ofereci pra ir na CPI da Lei Rouanet”, conta. “Infelizmente, quando saiu a lista das convocações, meu nome não estava lá. Seria uma oportunidade muito boa para eu responder a quem falava que estava me aproveitando de uma coisa que não aconteceu”.

Tico está processando algumas pessoas que o difamaram, acusando-o de ganhar dinheiro público por ser do PT e coisas do gênero.

Rita Lee cantava que roqueiro brasileiro sempre teve cara de bandido. Hoje o rock nacional é anódino, irrelevante e bem comportado.

“Não vou generalizar, mas o rock está se mostrando um espaço reacionário. Roqueiros se portam de maneira conservadora. É  estranho”, afirma.

“Em 2013, eu fui uma das pessoas que assumi uma identidade quase fascista porque não queria a participação de partidos nas ruas. Jean Wyllys me alertou para o erro disso. Revi minha posição”.

Ele admite que, desde que assumiu uma postura militante, houve um racha em seu público.

“Não tô defendendo PT. Perguntei a algumas pessoas: nesses 13 anos, vocês prosperaram ou não? Acessaram mais faculdade? Eu vivi a inflação de 2 dígitos no mês”, diz.

“Eu sou um constrangimento para a grande mídia. Quer fazer sucesso? Cala sua boca e não incomoda ninguém. Sempre ouvi dos empresários: quer ganhar dinheiro ou fazer historia?”

Uma de suas tretas épicas foi com Lobão, que adotava com Tico, nas discussões pelas redes, uma certa atitude paternalista — como se Lobão, em sua psicopatia fascistoide, repetindo o que leu num livro de Olavo de Carvalho, estivesse em condições de dar aula para alguém.

“Lobão foi uma decepção pra mim. Sempre defendi que se deixasse ele falar. O caso dele é uma questão de caráter. Depois descobri que o Lobão tinha um projeto aprovado pela Rouanet. Ele alegou que era coisa da mulher dele, que não sabia…”, diz Tico.

Está apoiando Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, mas revela que Marcelo Crivella convidou-o para conversar quando pensava em se candidatar. “Ele me chamou como alguém que estava monopolizando bastante a internet. Quis saber se teria a adesão da esquerda se fosse para o PSB [ele acabou se filiando ao PRB].”

“Ele não consegue se desvencilhar da Bíblia, da doutrina cristã. Me preocupa eleger um prefeito evangélico para uma cidade vitrine como o Rio de Janeiro. Amanhã elege outro, depois outro… A bancada evangélica não é disposta a dialogar. É muito perigoso que isso vá ganhando a adesão e o Brasil se torne uma teocracia”, afirma.

“Espero que minha arte prevaleça. Quem não se posiciona é covarde e ponto.”