Tiro em academia, janelas quebradas e fogo cruzado: o desespero de moradores do Rio

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 17:17
Megaoperação no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Moradores de bairros vizinhos aos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, se viram no meio de uma megaoperação policial realizada na manhã desta terça-feira (28). Durante a ação, que tinha como objetivo prender cerca de 100 integrantes do Comando Vermelho (CV), pelo menos quatro pessoas inocentes foram atingidas por balas perdidas.

Até o início da tarde, mais de 60 mortes foram registradas, incluindo quatro policiais, e mais de 80 suspeitos foram presos. Entre os feridos, a cabeleireira Kelma Rejane Magalhães Chaves, de 50 anos, foi atingida enquanto se exercitava na academia.

Ela foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, pelo marido, recebeu atendimento e foi liberada algumas horas depois. “Fiquei assustada porque o barulho foi muito alto e começou a queimar meu glúteo, mas agora estou bem”, contou Kelma, aliviada após a alta.

Além de Kelma, outros feridos também foram socorridos durante a operação. Uma pessoa em situação de rua, atingida por um tiro nas costas, foi levada para o hospital por Júlio César Gomes, que a encontrou enquanto voltava para casa após o trabalho.

Outro ferido, atingido no pé, também foi atendido e liberado. Um quarto ferido foi levado ao hospital em um carro da Polícia Civil, após ser baleado em um ferro-velho da região. Os confrontos começaram logo pela manhã, e os disparos atingiram não apenas os criminosos, mas também casas e veículos de moradores da região.

Em Olaria, um projétil atravessou a janela de um apartamento no 11º andar. Em Inhaúma, um morador relatou que acordou com um tiro atravessando sua janela. Na Penha, a bala atingiu a janela de um banheiro, causando pânico na família que estava no local. Além disso, um carro na Linha Amarela teve o para-brisa perfurado por um tiro.

A violência foi intensificada pelos traficantes que reagiram à ação policial com barricadas em chamas e o uso de drones para lançar bombas contra a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a força de elite da Polícia Civil do RJ. Um vídeo gravado na região da Penha mostra um intenso tiroteio, com pelo menos 200 tiros em um minuto, além de colunas de fumaça e barricadas incendiadas.

O impacto da operação também foi sentido no transporte público. De acordo com o Rio Ônibus, mais de 10 linhas de ônibus tiveram seus itinerários desviados na Penha e no Complexo do Alemão devido aos confrontos. A Secretaria de Segurança Pública do Rio afirmou que a operação foi planejada com base em informações de inteligência e teve como objetivo combater o avanço do Comando Vermelho em várias áreas do estado.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.