Tiro pela culatra: pressão de Trump uniu militares na Venezuela, dizem analistas

Atualizado em 3 de dezembro de 2025 às 8:36
O presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, ao lado do ministro da Defesa do país, Vladimir Padrino López (à dir.), e do general Domingo Hernández (à esq.), durante exercício militar em base de Caracas. Foto: Miraflores Palace

A estratégia de pressão máxima adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Venezuela teve efeito inverso e ampliou a coesão da cúpula militar em torno de Nicolás Maduro, afirmam analistas e fontes em Caracas. Com informações do Globo.

Embora haja relatos de mal-estar entre oficiais de baixa patente, interlocutores ouvidos na capital venezuelana dizem que o alto comando da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb) segue alinhado ao chavismo e disposto a resistir a qualquer avanço dos Estados Unidos.

Segundo essas fontes, a Casa Branca tenta provocar uma fissura interna que leve ao enfraquecimento de Maduro, mas o movimento ainda está distante de acontecer.

Para analistas, o cenário atual indica que, se houver ruptura, ela se dará entre militares que permaneceriam leais ao presidente e aqueles que optariam por não aderir a uma eventual ofensiva de resistência. Ainda assim, não há sinais de que generais cogitem negociar com Washington.

“Hoje não vejo possibilidade de um golpe dentro da Venezuela por pressão dos EUA, a cúpula chavista não vai permitir isso. Estão preparados para resistir”, afirmou uma fonte.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Soberania e pacto de lealdade reforçam unidade

A defesa da soberania nacional também fortalece a postura de unidade. Hoje, Maduro — que não vem da carreira militar — consolidou apoio sólido na cúpula, simbolizado pela longa permanência do ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López.

“Hoje as Forças Armadas estão a serviço de uma pessoa, que é Maduro. Estão politizadas e desintegradas”, disse outra fonte, ao explicar que, apesar das críticas, o pacto com o presidente continua de pé.

Clima interno rejeita intervenção dos EUA

Nos círculos militares e civis ligados ao chavismo, a rejeição a qualquer intervenção americana é predominante. A possibilidade de uma sublevação pró-Trump é considerada remota.

“O presidente americano quer que Maduro ceda, mas isso, até agora, não parece possível, e os militares estão do seu lado (…). Há muito desconhecimento nos EUA”, afirmou uma das fontes.

Segundo ela, alternativas chegaram a ser oferecidas por Caracas ao governo americano, mas com prazos longos e sem abrir mão da sobrevivência política do chavismo. “Hoje não há uma negociação. São dois lados expondo suas posições, sem entender o outro”, disse.