
Os inquéritos policiais sobre o assassinato da secretária executiva da Apae de Bauru (SP) e o desvio de verbas milionárias na entidade trouxeram à tona detalhes comprometedores, segundo o G1. Com mais de 2.500 páginas, os documentos revelam trocas de mensagens entre Roberto Franceschetti Filho, ex-presidente da Apae, e Cláudia, a secretária morta. Roberto e outros sete suspeitos foram presos durante uma operação realizada nesta terça-feira (3).
O documento da investigação que apura o homicídio de Cláudia tem 1.579 páginas e serviu de base para incriminar Roberto e Dilomar Batista, ex-funcionário da entidade. Já o outro inquérito, com mais de 900 páginas, investiga o esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo a Polícia Civil, os desvios ocorreram ao longo de anos e envolveram altas quantias.
Mensagens de 2019 mostram Cláudia enviando um extrato bancário para Roberto com um depósito de R$ 47 mil, seguido da mensagem “Vou fugir.” Em resposta, Roberto pediu metade do valor, e Cláudia mostrou ter transferido R$ 23.882 para ele. Em outro diálogo, Cláudia comemorou valores recebidos com a frase “Tô rica,” expressão que usava frequentemente.


O envolvimento de familiares de Cláudia também foi descoberto. A filha, Letícia Lobo, funcionária fantasma da Apae, recebia salários sem trabalhar. A irmã de Cláudia, Ellen Lobo, e o cunhado, Diamantino Campagnucci, mantinham um contrato fraudulento com a Apae para fornecer produtos de limpeza que nunca foram entregues, totalizando R$ 120 mil.
O ex-marido de Cláudia, Pérsio Prado, também foi preso. Ele possuía um contrato para digitar notas fiscais, mas o salário de mais de R$ 8 mil mensais seria impossível de justificar, segundo a polícia. Outros suspeitos, como Renato Tadeu de Campos, policial aposentado, e Felipe Figueiredo Simões, empresário, também foram detidos por ligação com o esquema.

As investigações revelaram ainda uma lista de bonificações salariais suspeitas. Desde 2021, Cláudia recebeu R$ 18,3 mil em gratificações além do salário. A atual coordenadora financeira da entidade, Maria Lúcia Miranda, também presa, recebeu mais de R$ 43 mil em gratificações em menos de um ano.
A polícia realizou buscas que resultaram na apreensão de veículos, armas, joias e dinheiro. Os bens de 18 pessoas físicas e jurídicas foram bloqueados. Segundo o delegado Gláucio Stocco, os desvios prejudicaram significativamente o funcionamento da Apae e comprometem sua missão.
As prisões foram decretadas por cinco dias, com possibilidade de prorrogação. A Apae, procurada para comentar as irregularidades, não se manifestou. As defesas de alguns suspeitos alegaram estar analisando os documentos antes de prestar novos depoimentos.
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