Toffoli confunde justiça com ódio em fala infeliz sobre a Argentina

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 16:08
Cena do julgamento dos militares em “Argentina, 1985”. Reprodução

O Ministro Dias Toffoli participa junto com alguns de seus colegas de STF de evento do Lide que ocorre em Nova Iorque.

Desde o início dos trabalhos na Big Apple, tem circulado nas redes sociais vídeos que mostram o ódio dos bolsonaristas à nossa Corte Constitucional e a cada um de seus personagens.

Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, por exemplo, foram pessoalmente ofendidos por brasileiros presentes na cidade americana.

“Motivos”, não lhes faltam: as anulações dos processos da Lava Jato, que permitiram a Lula concorrer ao pleito de 2022, a “censura” imposta às redes sociais de cânones da extrema-direita, os direitos de resposta ao PT concedidos, as reprimendas públicas à postura da Jovem Pan,  as diversas travas impostas  principalmente pelo TSE, presidido por Moraes, às fake news disseminadas pela campanha que concorria a reeleição.

Pouco importava os crimes que desencadearam nas punições: cada restrição imposta ao campo bolsonarista era vista e divulgada como censura.

Pois bem, é nesse contexto de ódio a seus colegas que surge Toffoli atacando os nossos vizinhos argentinos exatamente pelo que eles fizeram de melhor na relação com seu passado: puniram seus militares.

“Não podemos nos deixar levar pelo que aconteceu na Argentina: uma sociedade que ficou presa no passado, na vingança, no ódio e olhando para trás, para o retrovisor, sem conseguir se superar”, disse Toffoli. “O Brasil é muito maior do que isso, o Brasil é muito mais forte do que isso e nós não vamos cair nessa situação que infelizmente alguns vizinhos nosso caíram.”

É sabido que o ministro, indicado pelo PT, chama o golpe de 1964 de “movimento cívico-militar”, o que demonstra que sua leitura histórica coaduna-se com a dos golpistas dos quartéis.

Em sua fala, ele cita o filme “O Segredo de Seus Olhos”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, como exemplo de como os hermanos  prenderam-se ao passado. No filme, a história principal é a de um marido que teve sua esposa assassinada e que busca vingar-se do responsável pelo crime.  Vale lembrar que o homicida em algum momento aproxima-se do aparelho repressivo da ditadura do país, o que só faz aumentar a dificuldade da missão do viúvo.

Essa foi a referência de Toffoli.

Melhor seria louvar a Argentina pelo que foi retratado em outro filme mais recente,” Argentina, 1985” que mostra os esforços da Justiça, dentro das regras do devido processo legal, para punir os carniceiros que mataram mais de 30 mil opositores.

Se o Brasil tivesse exposto os crimes de seus militares não teríamos tantas pessoas pedindo a volta da ditadura e, por consequência, a paz e a integridade física dos ministros do STF não estariam tão ameaçadas.

Veja o vídeo com a fala de Toffoli:

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