O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli afirmou que o Brasil esteve perto de uma ruptura democrática com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O magistrado ainda disse que sem a “força do silêncio” do procurador-geral da República, Augusto Aras, talvez não existisse democracia no país.
“Não fosse a responsabilidade, a paciência, a discrição e a força de seu silêncio, Augusto Aras, talvez nós não estivéssemos aqui. Nós não teríamos talvez democracia”, afirmou Toffoli. Ele ainda diz que as ações do procurador serão “contadas mais à frente da história”.
“Poucas pessoas sabem, mas estivemos bem próximos da ruptura. E na ruptura não tem Ministério Público, não tem direitos, não tem a graça. A graça é ser amigo do rei”, prosseguiu.
A declaração ocorreu durante cerimônia do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), evento em que Aras concedeu medalhas da Ordem Nacional do Mérito do Ministério Público a diversas autoridades, incluindo Toffoli, Luiz Fux e Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil do Distrito Federal.
Crítico da Lava Jato, Toffoli afirma que o MP não deve promover “abusos, ódios, intolerância e destruição de instituições”. “É o exemplo desse Ministério Público que defende as instituições e a democracia e que não as destrói. E não as usa como um alpinismo para outros interesses. O Ministério Público que dá a graça do senhor da vinha igual para todos”, finalizou.
Aras deixa o posto nesta terça (26) e afirmou que sua gestão na PGR foi marcada por “incompreensões” e “falsas narrativas”. Em seu último discurso em sessão plenária no Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta (21), ele afirmou que havia uma “expectativa do Ministério Público protagonizar ou mesmo apoiar projetos partidários”.