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Tognolli, o biógrafo de Lobão, se orgulha do crime de divulgar a tomografia de Marisa Letícia. Por Kiko Nogueira

Tognolli

 

Existe sensacionalismo e existe a podridão em que jornalistas como Claudio Tognolli chafurdam.

O biógrafo de Lobão achou por bem divulgar um vídeo em que mostra a tomografia de Marisa Letícia, mulher de Lula internada no Sírio-Libanês, em estado grave, por causa de um AVC.

Como sempre em se tratando do personagem, ele anuncia esse tipo de ignomínia com orgulho. “A gente vive de falar a verdade”, começa ele.

“Estou tentando ser o mais sóbrio possível”, termina, enigmático. Como seria se não fosse? Xingaria Lula de anta e Marisa de ladra que mereceu o que lhe aconteceu? Não é necessário. Sua claque faz isso.

Supondo que a tomo é verdadeira, não há nada ali que não esteja nos boletins hospitalares. Mas a questão vai além disso.

Tognolli confessou um crime previsto no artigo 154 do Código Penal, cujo objetivo é proteger a liberdade individual e a inviolabilidade dos segredos profissionais. A pena prevista é de detenção e multa.

Violou o artigo 5º da Constituição, parágrafo X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Se não roubou a imagem, colocou em maus lençóis quem lhe forneceu. O Código de Ética Médica dispõe em seu artigo 89 que “é vedado ao médico liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente”.

Tognolli é um mitômano consagrado. Direitista fanático, conseguiu ser demitido da Jovem Pan, e culpou seu colega Reinaldo Azevedo sem esclarecer o que Azevedo fez.

Pioneiro da pós-verdade, publica qualquer coisa, desde que do lado “certo”. Já falou que os EUA estavam investigando as urnas brasileiras, que Maduro apareceu em protestos no Brasil, que a CIA matou Eduardo Campos, que o PCC e o CV “usam gangues que prestam serviços à Al Qaeda” — vale tudo.

Com esse currículo, é professor da ECA-USP.

Tognolli dá comida a um público especializado em vomitar ódio e ressentimento. Desinforma, inventa, e um bando de inocentes acha que ele é algum tipo de repórter investigativo. Tem fontes eternas na Polícia Federal.

O país do golpe consolidou essa involução. Viramos o paraíso do fascismo vulgar. Somos capazes de tudo. Inclusive, e especialmente, tripudiar sobre a tomografia de uma pessoa que está em coma profundo.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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