O general Tomás Paiva, comandante do Exército, informou que aguarda o desfecho das investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com especial atenção à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, antes de considerar encerrar o episódio relacionado à tentativa de golpe.
O militar busca uma solução que englobe a identificação das responsabilidades, a punição dos culpados e a separação entre falhas individuais e a responsabilidade das forças armadas como um todo. Com informações do Estadão.
Quanto à revelação de Cid de que o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, teria colocado suas tropas à disposição de um golpe durante uma reunião convocada pelo presidente à época Jair Bolsonaro, o general sugeriu que isso foi apenas uma opinião arrogante.
Paiva questiona a capacidade da Marinha de participar efetivamente desse tipo de operação e comenta que o suposto ponto de vista de Garnier é fora de contexto, considerando que golpes militares são algo antiquado e incomum nos dias atuais.
“A Marinha embarcou? Não. E que tropas ele (Garnier) tinha para essa aventura maluca?” E criticou: “Isso tudo é tão extemporâneo que nem dá para a gente compreender. Em que lugar do mundo ainda se fala e se dá golpe militar? Coisa mais fora de época.”
O comandante faz questão de destacar a distinção entre “indivíduos” e “instituição”: se for verdadeira a revelação de Mauro Cid sobre Almir Garnier, isso seria apenas um caso isolado, uma vez que o Brasil teve eleições subsequentes, com a vitória do presidente Lula, e ocorreu uma transição de poder legítima, com a posse do novo presidente e dos comandantes militares.
Ele também reconhece que o incidente de 8 de janeiro foi uma situação atípica, mas concorda que houve falta de ação do exército contra a invasão do Palácio do Planalto e as manifestações em frente aos quartéis. No entanto, enfatiza que, quando a Justiça determinou a desmobilização em Minas Gerais e no Pará, a ordem foi prontamente cumprida.
Paiva informa que não tinha informações prévias sobre essa parte da delação de Cid, pois evitava contato com ele. No entanto, ressalta que o comandante do Exército na época, general Freire Gomes, refletiu a posição dos militares de alta patente, que sempre foi a de manter a legalidade, a institucionalidade e se opor a qualquer ação que fosse contrária à Constituição e às leis.
O general expressa a urgência em concluir as investigações e os processos judiciais, mas reconhece que isso demanda tempo, pois é necessário apurar muitos detalhes. Ele está preocupado com a disseminação entre as pessoas de um suposto envolvimento das Forças Armadas em tentativas de golpe, destacando que o papel delas é ser uma ferramenta do poder político para auxiliar o país e garantir sua segurança e soberania.