Torcedores chilenos rejeitam o pinochetista dos 7 a 1. Por Moisés Mendes

Atualizado em 29 de fevereiro de 2020 às 11:50

Está nas capas dos jornais chilenos. Felipão seria o candidato de parte da direção do Colo-Colo para assumir como técnico do time, com um contrato milionário de US$ 600 mil por mês.

Mas Felipão talvez não fique mais rico, nem tenha a chance de tomar 7 a 1 no Chile. Uma torcida organizada de esquerda, dentro do clube, rejeita a ideia, porque Felipão já se declarou muitas vezes como adorador de Pinochet.

Num Chile em guerra, que promete manifestações gigantes para marco, imagine o clima para um sujeito de extrema direita como Felipão. E num clube com tradição de engajamento a causas populares.

O Colo-Colo é o time do atacante Esteban Efraín Paredes Quintanilla, ídolo da torcida, com posições progressistas assumidas publicamente.

Em outubro do ano passado, logo que começaram as manifestações contra o governo de Piñera, Paredes e outros atletas do Colo-Colo não só expressaram apoio como algumas vezes saíram às ruas misturados aos jovens.

Alguns dirigentes do Colo-Colo podem ser reacionários sem noção, mas os jogadores não são.

Não há espaço para uma figura com o perfil de Felipão hoje no Chile. Jogadores de outros grandes times, como a Católica e a La U, também apoiam os estudantes que não param de protestar.

Felipão deve ignorar que o Chile abomina fãs de ditadores. Lá, ao contrário do que acontece aqui, os jovens do século 21 reavivaram a memória dos horrores da ditadura. Os fascistas se encolheram.

Scolari, um técnico com métodos dos anos 70, tem que treinar o time do Bolsonaro em Brasília. E levar Renato Portaluppi como auxiliar.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/