Trabalhadores da Andrade Gutierrez com Covid-19 fizeram quarentena na boleia de um caminhão. Por Caio Paes

Atualizado em 5 de junho de 2020 às 15:42
Trabalhadores da Andrade Gutierrez com Covid-19 fizeram quarentena na boleia de um caminhão. Foto: Reprodução/De Olho Nos Ruralistas

Publicado originalmente no site De Olho nos Ruralistas

POR CAIO DE FREITAS PAES

No último dia 28 de maio, uma revolta camponesa na divisa entre Bahia e Piauí ganhou o noticiário da grande imprensa. Os moradores do pequeno povoado de Angico, em Campo Alegre de Lourdes (BA), foram descritos como agressivos, criminosos. Com descrições como esta: “moradores ateiam fogo em alojamento de trabalhadores contaminados”. Ou esta: “usaram armas para ameaçar os trabalhadores”.

O nome da empreiteira Andrade Gutierrez, que manteve no local os trabalhadores com Covid-19, foi relegado ao subtítulo da principal notícia, a da Agência Estado. Mas a história por trás do episódio não é bem aquela — mais conveniente à construtora — replicada por centenas de veículos pelo país.

De Olho nos Ruralistas foi atrás dos fatos que antecederam a revolta no oeste baiano. Ninguém saiu ferido ou foi preso. O galpão era de ferramentas — e não um alojamento. Dias antes, a Andrade Gutierrez mantivera mais de trinta funcionários infectados pelo coronavírus junto a outros, saudáveis, trabalhando normalmente.

Até que um deles faleceu, em poucas horas, com sintomas da Covid-19. A empreiteira relutou em enviá-los a municípios com estrutura de saúde adequada: despachou-os para casas alugadas, hotéis e pousadas.

Em certo momento, dezenas de trabalhadores passaram uma madrugada ao relento, dormindo na boleia de um caminhão. Durante todo o processo, a empreiteira ainda descumpriu acordos com prefeituras no Vale do Rio São Francisco e expôs populações saudáveis ao contágio.

Leia a reportagem completa aqui.