“Trabalho em uma unidade hospitalar pediátrica. Por isso sinto uma dor imensa ao ver tantas pessoas comemorando a morte de uma criança”

Atualizado em 2 de março de 2019 às 21:25
Foto: Reprodução

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

POR NICHOLLAS MARTINS

Trabalho desde 2007 em uma unidade hospitalar pediátrica de alta complexidade.

Isso me levou a conviver intensamente com questões de vida e de morte, com a concretização das esperanças de dias melhores e também com a morte.

Essa que chega sorrateira e mostra a verdade nua e crua: somos seres para a morte, não importa a idade.

O desespero de mães, o desconsolo de pais, o vazio experimentado por irmãos e avós. A Ausência se torna maior do que qualquer presença.

O uníssono da pergunta: por que? Como viver depois disso?

Por isso sinto uma dor imensa ao ver tantas pessoas comemorando a morte de uma criança, neta do Presidente Lula.

Constatamos, com horror, que o Brasil e os Brasileiros falharam.

Somos um povo hostil e primitivo, que ainda age como degredados perdidos em um continente selvagem.

Não há Carnaval. Há apenas cinzas em uma quarta-feira chuvosa, sem fim.