
O tráfego postal internacional para os Estados Unidos despencou mais de 80% em apenas nove dias após o governo de Donald Trump encerrar a chamada “isenção de minimis”, em vigor desde 1938. A regra permitia que pacotes de até US$ 800 (cerca de R$ 4,3 mil) chegassem ao consumidor americano sem cobrança de tarifas alfandegárias.
Segundo a União Postal Universal (UPU), agência da ONU que coordena serviços postais em 192 países, a medida entrou em vigor em 29 de agosto e, já na primeira semana, provocou queda de 81% no volume de encomendas em relação ao período anterior.
Desde então, os números seguem mais de 80% abaixo da média. O governo americano justificou a mudança alegando que a regra vinha sendo usada por empresas para driblar tarifas e por criminosos para enviar drogas ao país.
Até então, a lógica era simples: tributar pacotes de baixo valor custaria mais caro ao governo do que permitir a entrada livre. Esse modelo ajudava a impulsionar o comércio eletrônico global, barateando compras internacionais. Agora, porém, todas as encomendas precisam ser avaliadas, e cabe às transportadoras e operadores logísticos calcular, recolher e repassar os tributos à alfândega dos EUA.
As tarifas variam conforme o país de origem do pacote e podem representar de 10% a 50% do valor da mercadoria. A mudança, sem período de transição, levou ao menos 88 operadores postais a suspender parcial ou totalmente os envios para os Estados Unidos, afetando diretamente o fluxo de comércio e consumidores que dependiam desse canal.

Para tentar reduzir os impactos, a UPU lançou uma ferramenta que permite calcular, ainda na origem, o custo das tarifas que serão cobradas na entrada nos EUA. Mesmo assim, a medida gerou forte repercussão internacional, já que os Estados Unidos são um dos principais destinos de compras online enviadas por empresas de diferentes países.