Traficante de Rondônia ensinava comparsas a mandar recados para Beira-Mar

Atualizado em 19 de outubro de 2025 às 17:52
Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Da Roça ou Zeus, chegou ao Rio pouco tempo após deixar a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul — Foto: Reprodução

Interceptações telefônicas da Polícia Civil de Rondônia revelam como o traficante Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, conhecido como Da Roça ou Zeus, ensinava seus comparsas a se comunicar com Fernandinho Beira-Mar dentro do sistema prisional federal. O áudio, gravado em 2015, mostra Zeus descrevendo passo a passo o processo de envio de mensagens ao chefe do Comando Vermelho por meio de advogados e bilhetes.

“Você faz o seguinte: elabora o informativo e lança no WhatsApp do Matemático, que vou encostar ali na cunhada para ver o dia que pode mandar lá para dentro. Vai passar do WhatsApp para o papel, do papel vai para a mão do advogado, e o advogado bate lá e manda na mão do corre”, dizia Zeus na gravação, revelando um esquema de comunicação clandestino entre faccionados presos e livres.

Naquele período, Beira-Mar estava detido na Penitenciária Federal de Porto Velho, enquanto Zeus cumpria pena em Vilhena, no Centro de Ressocialização do Cone Sul. As investigações mostram que a relação entre os dois se fortaleceu nos anos seguintes, culminando na ida de Zeus para o Rio de Janeiro em 2023, já com o aval do próprio Beira-Mar.

Segundo a Polícia Civil, o traficante de Rondônia passou a comandar o tráfico na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio, área antes controlada por milícias. A tomada do território garantiu a Zeus o status de liderança dentro do Comando Vermelho e o consolidou como um dos principais articuladores da facção fora do eixo tradicional.

Fernandinho Beira-Mar, um dos líderes do Comando Vermelho (CV). Foto: Reprodução

Atualmente, Zeus estaria escondido no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, de onde coordena as atividades tanto na capital fluminense quanto em Rondônia. Para as autoridades, o caso exemplifica o nível de organização e a capacidade de comunicação que o Comando Vermelho mantém mesmo sob vigilância das forças de segurança federais.

Em nota, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) afirmou que as mensagens interceptadas foram identificadas e encaminhadas às autoridades competentes, destacando que o episódio “comprova a eficiência dos mecanismos de monitoramento” dentro das penitenciárias federais.