
Interceptações telefônicas da Polícia Civil de Rondônia revelam como o traficante Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, conhecido como Da Roça ou Zeus, ensinava seus comparsas a se comunicar com Fernandinho Beira-Mar dentro do sistema prisional federal. O áudio, gravado em 2015, mostra Zeus descrevendo passo a passo o processo de envio de mensagens ao chefe do Comando Vermelho por meio de advogados e bilhetes.
“Você faz o seguinte: elabora o informativo e lança no WhatsApp do Matemático, que vou encostar ali na cunhada para ver o dia que pode mandar lá para dentro. Vai passar do WhatsApp para o papel, do papel vai para a mão do advogado, e o advogado bate lá e manda na mão do corre”, dizia Zeus na gravação, revelando um esquema de comunicação clandestino entre faccionados presos e livres.
Naquele período, Beira-Mar estava detido na Penitenciária Federal de Porto Velho, enquanto Zeus cumpria pena em Vilhena, no Centro de Ressocialização do Cone Sul. As investigações mostram que a relação entre os dois se fortaleceu nos anos seguintes, culminando na ida de Zeus para o Rio de Janeiro em 2023, já com o aval do próprio Beira-Mar.
Segundo a Polícia Civil, o traficante de Rondônia passou a comandar o tráfico na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio, área antes controlada por milícias. A tomada do território garantiu a Zeus o status de liderança dentro do Comando Vermelho e o consolidou como um dos principais articuladores da facção fora do eixo tradicional.

Atualmente, Zeus estaria escondido no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, de onde coordena as atividades tanto na capital fluminense quanto em Rondônia. Para as autoridades, o caso exemplifica o nível de organização e a capacidade de comunicação que o Comando Vermelho mantém mesmo sob vigilância das forças de segurança federais.
Em nota, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) afirmou que as mensagens interceptadas foram identificadas e encaminhadas às autoridades competentes, destacando que o episódio “comprova a eficiência dos mecanismos de monitoramento” dentro das penitenciárias federais.