A investigação sobre o ataque a tiros em na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, que resultou na morte de uma adolescente de 16 anos, na segunda-feira (23), revelou que a ação foi incentivada por participantes de um grupo no Discord. As mensagens, obtidas pelo Metrópoles, indicam que ele recebeu apoio de membros de um grupo da plataforma popular entre os jovens.
Horas antes do ataque, o adolescente discutiu os preparativos para a “missão” com outros integrantes do grupo, incluindo detalhes sobre como posicionar o celular para transmitir o atentado.
Após o crime, os integrantes do grupo lamentam as vítimas, enquanto o atirador é detido pela polícia. Ele afirmou ter agido sozinho, motivado pelo bullying que sofria por ser homossexual. No entanto, participantes do grupo expressaram preocupação em não serem descobertos pela polícia, discutindo estratégias para eliminar evidências e evitar rastreamento, incluindo o uso de VPNs para acessar o servidor por meio de IPs de outros estados.
As conversas estão em posse das autoridades de São Paulo e do Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça, que investigam o envolvimento do grupo no Discord no incentivo ao ataque que feriu outras duas alunas. O adolescente utilizou um revólver calibre 38 de seu pai para perpetrar o atentado.
Eu vou formatar meu celular, desativar minha conta do Discord, sair desse serve e dos outros 10 [sic]”, escreveu um participante do grupo pouco depois do incidente. “Eu vou até desativar minha localização”, respondeu outro integrante, logo em seguida.
“Mas alguém daqui empurrou o cara para fazer? Porque aí, sim, vai dar merda [sic]”, questionou um terceiro membro do grupo no Discord. “Tava geral kkkkkk”, respondeu outro participante.
Além da preocupação em manter o anonimato, outros membros do grupo mostraram descontentamento com a ação do jovem. Não pela morte causada, mas pelas não mortes causadas. Após um integrante escrever que é difícil superar Columbine, massacre nos EUA que deixou 12 alunos e um professor morto, o administrador da conversa questionou: “Uma morte? Nem 5? É só atirar”.
O administrador do grupo também reclamou da falta de registro do crime. “Ninguém gravou, eu acho. Queria que ele tivesse mostrado algo. Achei paia”, escreveu.
Veja os prints:
O secretário estadual da Educação, Renato Feder, afirmou que não tinha conhecimento das ameaças feitas pelo autor do atentado, ressaltando que o garoto “não apresentava sinais no sentido de ser um potencial agressor”.
Tanto a Polícia Civil de São Paulo quanto o Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça estão investigando o envolvimento de outras pessoas no ataque à Escola Estadual Sapopemba. As mensagens apreendidas no celular do autor do ataque sugerem que os membros do grupo no Discord influenciaram sua ação de alguma forma, levantando questões cruciais sobre o papel das plataformas online na propagação da violência e incitação ao crime entre os jovens.