“Traição à pátria”: ex-diplomata critica Bolsonaro por alinhamento com Trump

Atualizado em 11 de julho de 2025 às 22:57
O diplomata Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil nos EUA – Foto: Reprodução

O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, classificou Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares como “traidores da pátria” por demonstrarem apoio a Donald Trump, mesmo após a imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros.

Em entrevista ao UOL News, Abdenur afirmou que esse alinhamento político externo representa um crime contra os interesses nacionais. “Trata-se de um caso claro de traição à pátria”, disse o diplomata.

Abdenur criticou diretamente o apoio do ex-presidente às ações do chefe de Estado americano e defendeu que o Judiciário brasileiro considere a possibilidade de julgar o Bolsonaro e sua família também pelo crime de traição. “Não conheço bem a legislação sobre essa área de segurança nacional, mas há previsões sobre essas hipóteses de um brasileiro trabalhar contra os interesses do Brasil”, afirmou.

Para o ex-embaixador, o episódio extrapola as acusações de tentativa de golpe já em curso.

Jair Bolsonaro e Donald Trump – Foto: Reprodução

Na avaliação do diplomata, a resposta brasileira ao tarifaço deve ser estratégica. Ele sugeriu que o Brasil utilize a lei da reciprocidade como uma ferramenta de pressão, mas sem efetivar medidas que possam gerar retaliações comerciais.

“Devemos usar essa arma como uma ameaça, mas não chegar a pô-la em execução porque isso levaria a uma escalada sem limites dessa situação terrível”, defendeu Abdenur, ressaltando a importância de mobilizar setores americanos contrários às medidas de Trump.

Segundo o ex-embaixador, tentar negociar com o governo Trump neste momento é inviável. “Agora não é o momento de tentar negociar, mas sim de tentar influenciar o quadro político interno americano e acenar com a hipótese da represália sem chegar à via dos fatos”, declarou.

Ele acredita que o Brasil pode agir de forma inteligente ao explorar os interesses econômicos internos dos EUA.