“Traidor contumaz”: candidato derrotado em Curitiba detona Moro e Rosângela

Atualizado em 16 de outubro de 2024 às 18:08
Moro, a mulher Rosângela e o deputado Ney Leprevost

Na tarde desta quarta-feira (16), em Curitiba, uma pancadaria entre o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) e o senador Sergio Moro (União Brasil) ganhou repercussão nacional.

A tensão começou quando, em entrevista à Folha de S.Paulo, Leprevost afirmou que a presença de Rosângela Moro, esposa do senador, como sua vice na chapa à Prefeitura de Curitiba o “atrapalhou bastante”. Segundo ele, essa escolha contribuiu para sua derrota no primeiro turno, quando obteve apenas 6,5% dos votos e ficou em quarto lugar.

Leprevost não poupou críticas a Sergio Moro, classificando-o como “difícil de lidar”, “vaidoso” e afirmando que o ex-juiz é visto em Curitiba como “carrasco do Lula e traidor do Bolsonaro”.

Moro, por sua vez, respondeu em entrevista ao Globo, chamando Leprevost de “político velho” que busca desculpas para justificar sua derrota. O senador disse que foi o próprio Leprevost quem insistiu para que Rosângela fosse sua vice e acusou o deputado de ter pouca presença na propaganda eleitoral.

“Ele agora está buscando uma desculpa para a derrota, mas mostra apenas que ficou pequeno politicamente e também pensa pequeno como pessoa”, provocou o ex-ministro.

Em meio a esse cenário de acusações, Leprevost emitiu uma nota contundente, em que acusa Moro de ser um “traidor contumaz”, listando uma série de facadas do senador ao longo de sua carreira. Leprevost também pediu desculpas aos curitibanos por ter aceitado a imposição do partido de ter Rosângela como vice, classificando Sergio Moro como um “oportunista”.

Nos bastidores, o embate entre os dois é visto como uma antecipação da disputa para as eleições de 2026, já que ambos têm interesse em concorrer ao governo do Paraná.

Essa disputa interna pode fragmentar ainda mais a direita no Paraná, criando espaço para novas lideranças e rearranjos políticos. Com o governador Ratinho Junior (PSD) assistindo de longe e com alta aprovação, ele pode ser um fator decisivo nas próximas eleições, seja apoiando um dos lados ou até mesmo almejando voos maiores.

Nota do deputado Ney Leprevost em resposta aos ataques do Senador Sergio Moro:

Em resposta aos ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu, pelo senhor Sergio Moro, tenho a declarar, após buscar informações com diversas fontes jornalísticas e rememorar fatos, conclui que:

Este senhor é um traidor contumaz. ⁠Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com o objetivo de conquistar cargo político. ⁠Traiu as leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável. ⁠Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a Operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro. ⁠Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele, nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação. ⁠Traiu o partido Podemos, que o sustentou financeiramente.

⁠Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral. ⁠Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando-se candidato de última hora contra ele. ⁠Traiu seus eleitores de direita ao votar no ministro Flávio Dino para o STF. ⁠Traiu sua querida esposa, colocando-a, através da direção nacional do partido, como candidata a vice na minha chapa e abandonando a campanha dez dias antes da eleição, por não ter sido satisfeita sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão. ⁠

Traiu o partido União Brasil, utilizando, na última semana de campanha, 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal, sem sequer pedir votos para o 44. ⁠Me traiu ao plantar, ao longo da campanha, diversas notas na imprensa nacional com o objetivo de desestabilizar minha candidatura. ⁠Traiu a pátria ao fazer um “acordão” através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.

Senador Sergio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas.

Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira.

De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou-se e se transformou em um mero ‘lacrador’ de redes sociais.

Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu.

Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter sua esposa como vice, não por ela, que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor, que é um oportunista, visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro.

A toda boa gente do Paraná, meu muito obrigado pelas milhares de manifestações de solidariedade no dia de hoje. Tenham a certeza absoluta que minha vida pública vai continuar pautada na defesa da liberdade e nos princípios éticos e humanistas que meu detrator chama de ‘velhos’.

Que Deus nos proteja do mal! ✝

Ney Leprevost