Trama golpista: Anderson Torres é condenado pelo STF a 24 anos de prisão

Atualizado em 11 de setembro de 2025 às 20:04
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Foto: Divulgação

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (11) aplicar a pena de 24 anos de prisão em regime inicial fechado ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A condenação ocorre no processo da trama golpista, que também envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados próximos de seu governo. Além da pena de prisão, os ministros fixaram ainda 100 dias-multa, calculados no valor de um salário mínimo cada.

O relator Alexandre de Moraes foi acompanhado pelos ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, consolidando maioria pela condenação. O ministro Luiz Fux divergiu e votou pela absolvição de Torres. Após a derrota, Fux optou por não participar da fase de dosimetria da pena, que definiu o tamanho final da condenação.

O julgamento terminou com placar de 4 a 1. Com a decisão, o STF considerou Anderson Torres culpado por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave, além de deterioração de patrimônio tombado.

Apenas no caso de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, a Corte abriu exceção para as acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio. Já para Torres, todas as imputações foram confirmadas, o que elevou o tempo de prisão e o número de dias-multa aplicados pela Turma.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Foto: Divulgação

Os ministros ressaltaram o papel de Anderson Torres como figura estratégica dentro do plano de ruptura institucional. À frente do Ministério da Justiça, ele teria se omitido e, ao mesmo tempo, contribuído para criar as condições que levaram aos ataques de 8 de janeiro de 2023. Essa avaliação foi central para justificar a severidade da condenação.

Apesar da sentença, a execução da pena não será imediata. Segundo a legislação brasileira, condenações só podem ser cumpridas após o trânsito em julgado, quando não houver mais possibilidade de recurso. Isso significa que Torres, Bolsonaro e os demais réus ainda poderão recorrer a instâncias superiores antes de serem presos.

A defesa do ex-ministro já sinalizou que vai contestar a decisão. Para os advogados, não houve provas suficientes para comprovar que Torres atuou de forma ativa na trama golpista. Eles devem tentar reduzir a pena ou até reverter a condenação em futuras instâncias recursais.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.