Trama golpista: o cálculo de aliados sobre a chance de Bolsonaro ser preso

Atualizado em 25 de novembro de 2024 às 7:13
O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por suposta participação em trama golpista – Foto: Reprodução

Entre os aliados mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), há um consenso de que, em algum momento, o ministro Alexandre de Moraes ou o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá ordenar a prisão do ex-capitão. No entanto, pessoas próximas a Bolsonaro acreditam que isso não deve ocorrer em breve, apontando algumas razões para essa avaliação.

Uma delas é a falta de elementos que justifiquem uma prisão preventiva, como flagrante ou risco de fuga, especialmente porque Bolsonaro já teve seu passaporte retido por determinação de Moraes, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Além disso, há o receio de que uma eventual prisão provoque reações indignadas de seus apoiadores, com protestos que poderiam intensificar a tensão política, o que seria indesejável, especialmente após o recente ataque de um homem-bomba ao STF.

Na visão dos bolsonaristas, o Supremo deve prolongar o processo sobre a tentativa de golpe ao longo de 2025, adiando decisões até o final do ano. Isso dificultaria qualquer possibilidade de reverter a inelegibilidade de Bolsonaro a tempo das eleições de 2026.

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Bolsonaro e Moraes: o magistrado deve encaminhar o caso ao Ministério Público nesta segunda-feira (25) . Foto: reprodução

Curiosamente, algumas figuras próximas ao ex-presidente não consideram esse cenário tão negativo. Para uma ala mais experiente do PL, Bolsonaro seria mais eficiente como cabo eleitoral do que como candidato. “Ele como candidato tem muita rejeição, mas apoiando algum nome da direita, como Tarcísio ou Caiado, ele é imbatível”, declarou um estrategista ligado ao partido.

As investigações apontam que Bolsonaro e seus aliados discutiram estratégias para se manterem no poder após a derrota nas eleições de 2022. Foram identificadas minutas com teor golpista, reuniões com líderes das Forças Armadas e planos que incluíam ameaças ao presidente Lula, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, e até mesmo a Moraes.

Cabe agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar o inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado, envolvendo Bolsonaro e outras 36 pessoas. O ministro Alexandre de Moraes deve encaminhar o caso ao Ministério Público nesta segunda-feira (25). A PGR, sob a liderança do procurador Paulo Gustavo Gonet Branco e sua equipe, decidirá os próximos passos da investigação.