
No município de José Boiteux, em Santa Catarina, o fechamento da Barragem Norte no território indígena do Vale do Itajaí, anunciado pelo governador Jorginho Mello, gerou conflitos entre a Polícia Militar e integrantes do Povo Xokleng no domingo, 8. Três indígenas foram baleados durante o confronto e precisaram de atendimento médico no local, segundo o Corpo de Bombeiros.
A Barragem Norte, construída na Terra Indígena Ibirama Laklanõ Xokeng em 1970, é crucial para conter cheias no estado e impacta diretamente o nível do Rio Itajaí-Açu na região de Blumenau. O governador anunciou o fechamento da barragem para evitar enchentes potenciais de até 14 metros de altura na área, com base em decisão judicial. Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) alega que o fechamento da barragem estava acordado com o Povo Xokleng e seria executado neste domingo, mediante “a disponibilização de botes e outras medidas de segurança para que a comunidade indígena pudesse se proteger”.
O governo de Santa Catarina alega que os pedidos dos indígenas foram atendidos e que a desocupação da represa estava ocorrendo pacificamente, mas Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, as medidas de segurança exigidas pelos indígenas não foram cumpridas pelo governo, o que “deixaria a terra indígena completamente desassistida, representando um risco de vida para o Povo Xokleng, o que motivou os protestos reprimidos pela polícia”.

O conflito resultou em três indígenas feridos, um com lesão no abdômen, outro com ferimento na perna e um terceiro com perfuração na coxa. Eles foram encaminhados para tratamento hospitalar, mas, até o momento, não foram divulgadas informações atualizadas sobre o estado de saúde deles.
No domingo à tarde, Mello compartilhou um vídeo em suas redes sociais comemorando o fechamento das duas barragens de José Boiteux, medida que reduziria o nível das enchentes na região em dois metros. Ele relatou os desafios enfrentados durante a operação, incluindo obstáculos humanos, bloqueios nas estradas e resistência dos indígenas e mencionou medidas de segurança para evitar atos de vandalismo e assegurou a vigilância contínua das barragens pela polícia.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina declarou que o confronto foi localizado, envolvendo um grupo reduzido de indígenas. Em um vídeo fornecido pela pasta, o coronel Aurélio José Pelozato da Rosa, comandante-geral da Polícia Militar do Estado, explicou que o conflito começou quando um grupo que ocupava a casa de máquinas da Barragem Norte se recusou a sair e um dos membros tentou desarmar os policiais. Segundo ele, todos os pedidos feitos pelo grupo foram atendidos e cumpridos, e a desocupação da represa estava ocorrendo pacificamente até o confronto com um pequeno grupo de policiais que cuidava das viaturas.
O Ministério dos Povos Indígenas emitiu uma nota lamentando a violência contra os indígenas e mobilizou a Polícia Federal e a Funai para garantir a segurança da comunidade e enviou representantes próprios e da Advocacia Geral da União (AGU) para acompanhar de perto os desdobramentos do conflito e buscar uma resolução pacífica, sem novos confrontos. Enquanto isso, as chuvas intensas continuam afetando Santa Catarina, com mais de 60 municípios em emergência e um grande número de ocorrências causadas pelas chuvas. O estado espera que a chuva diminua nos próximos dias, mas o risco de deslizamentos persiste.
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