
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (8) que Israel e o grupo Hamas aprovaram a primeira fase do acordo de paz proposto por Washington para encerrar a guerra na Faixa de Gaza, que completou dois anos.
O plano prevê a libertação de todos os reféns israelenses e a retirada gradual das tropas de Tel Aviv até uma linha previamente acordada. A assinatura do documento está marcada para quinta-feira (9), no Egito, segundo fontes ligadas às negociações ouvidas pela AFP.
“Estou muito orgulhoso em anunciar que Israel e Hamas assinaram a primeira fase do nosso plano de paz”, publicou Trump na rede Truth Social. O republicano afirmou que o acordo “garantirá a libertação de todos os reféns e uma retirada responsável das tropas israelenses”, e agradeceu “aos mediadores do Catar, Egito e Turquia pelo papel essencial neste evento histórico e sem precedentes”.
"I am very proud to announce that Israel and Hamas have both signed off on the first Phase of our Peace Plan… BLESSED ARE THE PEACEMAKERS!" – President Donald J. Trump pic.twitter.com/lAUxi1UPYh
— The White House (@WhiteHouse) October 8, 2025
Logo após o anúncio, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou que seu governo se reunirá para aprovar formalmente o texto. “Com a ajuda de Deus, traremos todos para casa”, disse. O líder israelense elogiou Trump por sua “liderança e compromisso inabalável” com o Estado de Israel, classificando o entendimento como “um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral”.
O Hamas também confirmou o acordo em comunicado e cobrou garantias de que Israel cumprirá todos os termos. A facção deve libertar 20 reféns vivos em troca da soltura de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos. O Exército israelense estima que ainda haja 28 reféns em Gaza, dos quais 26 estariam mortos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a todas as partes que “respeitem integralmente o plano de paz”.
Mais cedo, o Hamas havia enviado uma lista com nomes de reféns e prisioneiros a serem trocados e sinalizou otimismo com as conversas em Sharm el-Sheikh. O grupo também mencionou a retirada das forças israelenses e o fim das hostilidades como prioridades. Esta foi a primeira vez que a facção demonstrou apoio parcial a um plano apresentado por Trump, composto por 20 pontos.
O porta-voz militar israelense Rafael Rozenszajn afirmou que o avanço só foi possível graças à “pressão internacional sobre o Hamas”. Segundo ele, “foi a primeira vez que o grupo terrorista sofreu mais pressão para libertar reféns do que Israel para cessar operações militares”.
Apesar do acordo, ainda não está definido quem governará Gaza após o cessar-fogo. Países árabes esperam que o plano leve à criação de um Estado palestino, hipótese rejeitada por Netanyahu.
With the approval of the first phase of the plan, all our hostages will be brought home. This is a diplomatic success and a national and moral victory for the State of Israel.
From the beginning, I made it clear: we will not rest until all our hostages return and all our goals…
— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) October 8, 2025
A proposta americana prevê uma administração provisória de Gaza conduzida por um organismo internacional liderado por Trump, com a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Jared Kushner e Steve Witkoff, enviados do republicano, já estão no Egito, assim como o ministro israelense Ron Dermer.
Também participam das tratativas o premiê do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe da inteligência turca, Ibrahim Kalin, indicando a ampliação do papel de Ancara nas negociações.
Durante o dia, Israel reduziu os bombardeios na Cidade de Gaza, atendendo a pedido de Trump, mas ainda realizou ataques que mataram oito pessoas. Segundo autoridades locais, a ofensiva israelense desde 2023 já deixou mais de 67 mil mortos palestinos, número reconhecido pela ONU.
O conflito começou após os ataques de 7 de outubro de 2023, quando o Hamas matou 1.200 pessoas e levou 251 reféns, desencadeando a guerra que agora entra em fase de negociação.