
O presidente dos EUA, Donald Trump, usou sua plataforma Truth Social na noite de sábado (12) para sair em defesa da procuradora-geral Pam Bondi, alvo de críticas dentro do próprio movimento MAGA após a decisão de não divulgar os arquivos do caso Jeffrey Epstein. O milionário pedófilo, morto por suicídio na prisão em 2019, tinha supostamente uma lista clientes de sua rede de tráfico sexual.
“O que está acontecendo com meus ‘garotos’ e, em alguns casos, ‘garotas’?”, escreveu Trump. “Todos estão atacando a procuradora-geral Pam Bondi, que está fazendo um TRABALHO FANTÁSTICO!”
Trump pediu união entre seus apoiadores e afirmou que “não gosta do que está acontecendo”. “Temos uma administração PERFEITA, A MAIS FALADA DO MUNDO, e pessoas ‘egoístas’ estão tentando prejudicá-la por causa de um cara que nunca morre, Jeffrey Epstein”, escreveu.
Segundo a imprensa americana, o diretor do FBI, Kash Patel, e o vice-diretor, Dan Bongino, estariam cogitando deixar o governo em razão do embate interno sobre os arquivos de Epstein. Em tom de sarcasmo, Trump questionou: “Vocês ainda estão falando sobre Jeffrey Epstein?”, ao ser perguntado sobre a ausência de uma lista de clientes no relatório do Departamento de Justiça divulgado em 8 de julho.
Em outro trecho da publicação, Trump se irritou com a atenção dada ao caso e perguntou por que os holofotes não se voltam para “documentos forjados por Barack Obama, Hillary Clinton, James Comey, John Brennan e pelos Perdedores e Criminosos da Administração Biden, que enganaram o mundo com a farsa Rússia, os 51 agentes ‘de inteligência’, o ‘LAPTOP DO INFERNO’ e mais?”
A decisão de Trump de apoiar o arquivamento do caso Jeffrey Epstein gerou uma crise interna no movimento MAGA. Após anos alimentando teorias conspiratórias sobre uma “lista de clientes poderosos” mantida pelo empresário acusado de tráfico sexual de menores, figuras da direita trumpista agora tentam recuar — e enfrentam a revolta da própria base.
Segundo reportagem do New York Times, o presidente pediu “união” após os ataques a sua procuradora-geral Pam Bondi, mas irritou ainda mais apoiadores ao dizer que o caso virou “uma obsessão”.
O próprio Trump foi próximo de Epstein e frequentava suas festas. Durante a campanha presidencial de 2024, ele negou ter visitado a casa nas Ilhas Virgens Americanas onde o magnata traficava menores e afirmou que não via “problema nenhum” em divulgar documentos relacionados ao caso.
O Departamento de Justiça e o FBI divulgaram nesta semana um memorando dizendo que não há evidências de que Epstein tenha mantido lista de clientes ou tenha sido assassinado. A justificativa é que a maior parte dos documentos foi colocada sob sigilo por ordem judicial, para proteger vítimas. Bondi, que chegou a dizer que a lista estava “em cima da mesa”, recuou. Influenciadores que antes pediam divulgação total agora repetem que “não há mais o que divulgar”.
A reviravolta foi interpretada como traição. O trumpista doente Alex Jones ironizou: “Próximo passo é dizer que Epstein nunca existiu.” A influenciadora Laura Loomer pediu a demissão de Bondi. Tucker Carlson foi mais longe: acusou a procuradora de “encobrir crimes muito sérios”. Para críticos, Trump e seus aliados viraram exatamente o “Deep State” que diziam combater.
O próprio Trump, questionado, tentou se esquivar: “Ainda estão falando desse cara nojento? Inacreditável.” Mas a pressão aumentou com Elon Musk, ex-aliado, dizendo que Trump estaria citado nos arquivos. “Como confiar em alguém que esconde a verdade sobre Epstein?”, escreveu Musk no X. Enquanto isso, parte da base acusa o presidente de manipular o caso como moeda de troca política — e agora teme que o líder tenha se tornado prisioneiro do mesmo sistema que jurava destruir.