Trump concede perdão presidencial a bilionário condenado por lavagem de dinheiro

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 12:01
Changpeng Zhao, CEO da corretora de criptomoedas Binance. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu perdão na quinta-feira (23) ao bilionário Changpeng Zhao, cofundador da Binance, a maior corretora de criptomoedas do mundo. Zhao havia sido condenado em 2023 por falhas nos mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro em um processo conduzido durante o governo do democrata Joe Biden.

A decisão, de acordo com Karoline Leavitt do Estadão, encerra uma das ações mais duras já tomadas pelo governo estadunidense contra crimes envolvendo moedas digitais. Segundo a Casa Branca, o republicano exerceu seu “direito presidencial” para “encerrar a guerra contra as criptomoedas iniciada por Joe Biden”.

Zhao, conhecido no setor como “CZ”, havia se declarado culpado em novembro de 2023 por não implementar controles adequados contra lavagem de dinheiro na Binance. Ele chegou a cumprir quatro meses de prisão federal e foi afastado do comando da empresa, embora tenha permanecido como maior acionista.

Em comunicado na época, a Binance admitiu falhas em sua atuação. “A Binance cresceu a uma velocidade extremamente rápida globalmente, em uma indústria nova e em evolução. Tomamos decisões equivocadas ao longo do caminho. Hoje, a Binance assume a responsabilidade por este capítulo passado”, disse a companhia.

A sentença de Zhao foi imposta pelo juiz estadunidense Richard Jones, em Seattle, que rejeitou o pedido dos promotores por uma pena de três anos — o dobro do máximo recomendado pelas diretrizes federais.

Donald Trump com expressão séria
Donald Trump, presidente dos EUA – Reprodução

“Você tinha os recursos e o poder para garantir que cada regulamento fosse cumprido, mas falhou nessa oportunidade”, afirmou o magistrado.

O Departamento de Justiça acusou a Binance de adotar um modelo de “Velho Oeste”, permitindo que criminosos usassem a plataforma e deixando de reportar mais de 100 mil transações suspeitas ligadas a grupos como Hamas, Al-Qaeda e Estado Islâmico. Os promotores também alegaram que a exchange facilitou a venda de materiais de abuso sexual infantil e lucrou com operações de ransomware.

Antes da sentença, Zhao expressou arrependimento. “Sinto muito. Acredito que o primeiro passo para assumir a responsabilidade é reconhecer plenamente os erros. Percebo agora a gravidade desse erro”, declarou.

Seus advogados pediram liberdade condicional, alegando que ele cooperou com as autoridades, pagou uma multa de US$ 50 milhões e nunca havia cometido crime antes.

Fundada em 2017, a Binance fez um acordo bilionário com o governo dos Estados Unidos para encerrar as investigações, pagando US$ 4,32 bilhões em multas. Zhao também desembolsou US$ 50 milhões adicionais à Comissão de Negociação de Futuros de Commodities e está em liberdade sob fiança de US$ 175 milhões.

O perdão presidencial reabre o debate sobre o tratamento dado às criptomoedas nos Estados Unidos. Trump, que vem se aproximando do setor, tem defendido abertamente a indústria cripto como parte de sua agenda econômica. A medida é vista como um gesto político que reforça sua tentativa de romper com as políticas regulatórias do governo anterior.

Zhao, de 47 anos, torna-se o segundo grande executivo de criptomoedas a ser preso e depois beneficiado por uma reviravolta judicial. O primeiro foi Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX, condenado a 25 anos por fraudar clientes em mais de US$ 8 bilhões, um caso que abalou o mercado global.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.