Trump diz que pode derrubar tarifaço ao Brasil “sob as circunstâncias certas”

Atualizado em 25 de outubro de 2025 às 8:34
O presidente americano Donald Trump, em discurso na Casa Branca. Foto: Abe McNatt


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que pode considerar a redução das tarifas aplicadas ao Brasil “sob as circunstâncias certas” e confirmou que se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste domingo (26), na Malásia. O encontro ocorrerá durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual ambos participam. Com informações do Uol.

A declaração de Trump foi dada a repórteres durante o voo presidencial rumo à Ásia, quando foi questionado sobre a possibilidade de se reunir com Lula. “Acredito que sim”, respondeu. Em seguida, outro jornalista perguntou sobre a redução das tarifas impostas ao Brasil, e o presidente norte-americano respondeu: “Sob as circunstâncias certas”.

Esta será a primeira reunião oficial entre Lula e Trump desde o início da crise comercial provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, adotada no início de seu governo, gerou desconforto entre os dois países e afetou exportações nacionais de setores como o aço e o agronegócio.

Presidente Lula, durante entrevista na Malásia. Foto: Ricardo Stuckert

Durante o encontro, Lula pretende pedir a retirada das sobretaxas e das sanções impostas a autoridades brasileiras, em vigor desde agosto. Segundo fontes do governo, o presidente brasileiro também quer “provar que houve equívocos” nas punições impostas a membros de sua equipe, determinadas por decisões unilaterais de Washington.

Os dois presidentes vêm retomando o diálogo desde setembro. Durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, ambos trocaram cumprimentos e afirmaram ter tido “boa química”. Pouco depois, conversaram por telefone durante cerca de 30 minutos, em ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países.

De acordo com auxiliares de Lula, o encontro deste domingo será “livre e sem vetos de assunto”. Além das tarifas e sanções, o governo brasileiro não descarta que sejam abordadas também as recentes movimentações militares dos Estados Unidos em relação à Venezuela e à Colômbia, temas que preocupam o Planalto.

Lula já declarou ser contrário a qualquer tipo de intervenção estrangeira em países da América do Sul. Em declarações recentes, o presidente reafirmou que o Brasil “defende o diálogo e a soberania das nações”, em referência às pressões de Washington sobre Caracas.

O governo brasileiro espera que a reunião sirva para reorganizar a relação bilateral, abalada desde o início do tarifaço americano. Integrantes do Itamaraty afirmam que o objetivo é buscar um “recomeço” nas negociações comerciais e ampliar o intercâmbio entre as economias.

A reunião entre Lula e Trump está prevista para acontecer às margens da cúpula da Asean, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. O encontro deve durar cerca de uma hora e contará com a presença de assessores e ministros das duas delegações.

Segundo diplomatas brasileiros, uma eventual revisão das tarifas pelos Estados Unidos poderia representar alívio imediato para exportadores brasileiros e abrir espaço para novos acordos de cooperação econômica entre os dois países.