
Arquivos recém-divulgados do caso Jeffrey Epstein indicam que o FBI recebeu, durante a investigação, uma acusação de estupro contra Donald Trump, presidente dos EUA. O Departamento de Justiça norte-americano afirma que as alegações são “infundadas e sensacionalistas”.
Um dos registros, datado de 27 de outubro de 2020, aparece como um relatório preliminar de recebimento de denúncia pelo FBI. O documento reúne o depoimento de um ex-motorista de limusine, que afirmou ter levado Trump ao aeroporto de Dallas–Fort Worth em 1995.
Segundo o relato, durante o trajeto o então empresário teria feito uma ligação telefônica cujo conteúdo foi descrito como “extremamente perturbador”.
De acordo com o texto, o motorista disse ter ouvido Trump mencionar repetidamente o nome “Jeffrey” e fazer referências a “abusar de alguma garota”. O depoimento ressalta que o motorista não soube identificar com quem Trump falava nem a quem exatamente se referiam os comentários. Ainda assim, afirmou que o teor da conversa foi tão grave que chegou a considerar interromper a corrida.
O relatório relata ainda que, anos depois, enquanto o motorista contava essa história, uma mulher que o acompanhava teria reagido de forma estranha, afirmando que havia sido estuprada por Trump e Epstein. Segundo o depoimento atribuído ao motorista, ela teria dito que não poderia procurar a polícia porque temia ser morta.
O documento acrescenta que essa mulher teria, posteriormente, procurado as autoridades e sido encontrada morta meses depois, em um caso oficialmente registrado como suicídio — versão em que o motorista afirmou não acreditar.
A divulgação desses relatos ocorreu junto à liberação de cerca de 30 mil novas páginas dos “Arquivos Epstein”, disponibilizadas pelo Departamento de Justiça dos EUA. Em comunicado publicado em 23 de dezembro, o órgão afirmou que parte do material contém “alegações falsas e sensacionalistas feitas contra o presidente Trump” às vésperas da eleição presidencial de 2020.
“Para deixar claro: as alegações são infundadas e falsas, e, se tivessem qualquer indício de credibilidade, já teriam sido usadas contra o presidente Trump”, diz a nota oficial.
O Departamento de Justiça ressaltou que a liberação dos documentos ocorre por compromisso com a transparência e dentro das obrigações legais, inclusive com a proteção das vítimas ligadas ao caso Epstein. O órgão também destacou que relatórios de recebimento de denúncia não equivalem a comprovação dos fatos narrados, nem indicam validação por parte das autoridades.
O documento resume as alegações do motorista nos seguintes termos: “No dia de Natal [1999], [Mulher] entrou em contato com [Motorista] e afirmou que de fato havia procurado a polícia para relatar o que haviam conversado. [Motorista] disse a ela que ela havia ‘feito a coisa certa’. [Motorista] não teve mais notícias de [Mulher] nem de [tarja] até 10/01/2000. [Tarja] entrou em contato com [Motorista] informando que [Mulher] estava morta e que havia sido encontrada com a cabeça ‘explodida’ em Kiefer, Oklahoma. Policiais que atenderam a ocorrência e [tarja] afirmaram que não havia como se tratar de suicídio. O legista, porém, registrou o caso como suicídio.”
