
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão avaliando que o discurso do presidente estadunidense Donald Trump na Assembleia Geral da ONU foi, na prática, positivo para o governo brasileiro e um potencial golpe nas articulações políticas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem tramado contra o Brasil nos Estados Unidos. A principal interpretação, segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, é que Trump demonstrou um interesse em dialogar diretamente com o Brasil, o que pode reduzir o papel de Eduardo como um “interlocutor”.
Eduardo, que está nos Estados Unidos desde março, tem se apresentado como uma figura chave na articulação com autoridades estadunidenses, especialmente em questões envolvendo sanções econômicas contra membros do governo brasileiro. “Isso pode fazer com que sua influência vá ladeira abaixo”, comentou um interlocutor próximo ao governo brasileiro.
Durante seu discurso na ONU, Trump fez uma breve referência ao encontro com Lula, que ocorreu nos bastidores da Assembleia Geral. Conhecido por seu estilo direto e muitas vezes imprevisível, o republicano afirmou que os dois se abraçaram e confirmaram que se encontrariam na semana seguinte para discutir, entre outros temas, as tarifas impostas pelo Brasil.
“Eu estava aqui, encontrei o líder do Brasil ao entrar. Eu falei com ele e nós nos abraçamos, e as pessoas ficaram falando: ‘dá para acreditar nisso?’. Nós concordamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para falar, mas aqui foi tipo 20 segundos, mas nós conversamos”, declarou Trump.
É rapazeada, é hoje que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo se ma***: Trump dizendo que gostou do Lula, que eles tiveram uma boa química e que eles vão se encontrar na próxima semana. pic.twitter.com/ASE7FVrM5T
— William De Lucca (@delucca) September 23, 2025
Em meio a risadas e num tom descontraído, Trump também fez questão de ressaltar sua afinidade com o presidente brasileiro. “Eu gosto de Lula e só faço negócios com pessoas de quem eu gosto”, disse. A reação de Trump reforça a ideia de que ele pode estar interessado em uma aproximação maior com o Brasil, apesar das tensões políticas e econômicas que marcaram a relação entre os dois países nos últimos anos.
Após o discurso, Eduardo não conteve o ciúmes ao se pronunciar no X. O parlamentar alegou que Trump se comunico com o que chamou de “firmeza estratégica” e “inteligência política”. “Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações”.
“Ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer. Enquanto isso, outros líderes, como Lula, assistem impotentes, sem qualquer capacidade real de influenciar o jogo global”, afirmou Eduardo Bolsonaro, sugerindo que, diante da postura do republicano, o presidente brasileiro está em uma situação difícil para conseguir tirar algo positivo da conversa.
Para quem conhece as estratégias de negociação de Donald Trump, nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações. Ontem mesmo, sancionou a…
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) September 23, 2025