
O governo estadunidense de Donald Trump avalia reativar o visto do ministro Edson Fachin, eleito na última quarta-feira (13) para presidir o Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de 28 de setembro pelos próximos dois anos. A medida, segundo Paulo Cappelli, do Metrópoles, foi discutida em reunião entre integrantes do Departamento de Estado, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) e o jornalista Paulo Figueiredo.
A iniciativa é interpretada como um gesto de aproximação com o futuro presidente da Corte. Segundo fontes do governo estadunidense, Fachin não estaria entre os ministros que tensionam as relações bilaterais. “Na avaliação de integrantes do Departamento de Estado norte-americano, Fachin não estaria tensionando as relações entre Brasil e Estados Unidos”, confirmou uma fonte próxima às negociações.
Estratégia para isolar Moraes
A reativação do visto é vista como parte de uma estratégia mais ampla para distensionar o cenário institucional e, simultaneamente, isolar o futuro vice-presidente do STF, Alexandre de Moraes, principal alvo das sanções dos EUA. Fachin havia entrado na lista de restrições por ter votado favoravelmente em 2020 à constitucionalidade do inquérito das Fake News, relatado por Moraes, e pela extinção de ações que contestavam sua abertura.
No entanto, pesam a seu favor decisões consideradas menos intervencionistas, como não ter se posicionado pela derrubada do X (antigo Twitter) no Brasil nem pelo bloqueio sistemático de perfis em redes sociais. Entre os 11 ministros do STF, apenas André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux mantiveram seus vistos intactos.

Os demais ministros — Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Cristiano Zanin — tiveram seus vistos suspensos pelo governo Trump, assim como o procurador-geral da República, Paulo Gonet. As medidas punitivas foram implementadas em resposta a decisões judiciais que afetaram aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e interferiram em plataformas digitais americanas.
Apesar da pressão, a maioria do STF mantém apoio a Moraes, cujo mandato como vice-presidente coincidirá com a gestão de Fachin. Analistas apontam que a possível reativação do visto do novo presidente pode representar um recuo tático da administração Trump, que busca evitar um confronto direto com toda a cúpula do Judiciário brasileiro.
O movimento ocorre em um momento delicado para a diplomacia entre os dois países. Enquanto o governo brasileiro tenta restabelecer canais de diálogo com Washington, a postura do STF em casos sensíveis — como investigações sobre desinformação e decisões sobre redes sociais — continua a gerar atritos.