Trump mobiliza 10 mil soldados contra a Venezuela e gera alerta na América Latina

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 12:29
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Kamil Krzaczynski e Federico Parra/AFP

A mobilização de 10 mil soldados dos Estados Unidos em direção ao Caribe colocou a América Latina em alerta máximo, diante da possibilidade de uma operação militar na Venezuela. O governo de Donald Trump justificou o envio de tropas como parte do combate ao narcotráfico, mas documentos obtidos pela ONU apontam que diplomatas veem o movimento como um prenúncio de intervenção.

Segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, essa é a maior presença militar americana na região em três décadas, comparável apenas à crise do Panamá. Trump também autorizou a CIA a realizar operações secretas contra Nicolás Maduro.

O presidente venezuelano reagiu, pedindo respeito à soberania e afirmando que “não queremos guerra no Caribe e na América Latina”. A tensão se intensifica num momento em que o governo Lula tenta conter divisões regionais e o enfraquecimento dos mecanismos de integração que poderiam frear uma ofensiva externa.

O Brasil e outros países tentaram aprovar na Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac) uma nota conjunta de repúdio, mas 13 governos (entre eles os da Argentina, Panamá e Trinidad e Tobago) recusaram-se a assinar.

Fontes diplomáticas em Brasília veem o impasse como resultado de uma ofensiva política dos EUA, liderada pelo secretário de Estado Marco Rubio, que vem negociando apoio com governos aliados. Paralelamente, líderes como o paraguaio Santiago Peña e o argentino Javier Milei manifestaram apoio à postura americana.

A golpista Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela. Foto: Reprodução

Nos bastidores, a recente escolha da opositora María Corina Machado como Prêmio Nobel da Paz foi interpretada como um sinal de legitimação internacional, caso o governo Maduro venha a cair. Em entrevista à CNN, ela defendeu as ações dos EUA, dizendo que “precisamos da ajuda do presidente dos Estados Unidos para parar essa guerra”.

Militarmente, o Pentágono deslocou para o Caribe embarcações como o USS Iwo Jima e o USS Minneapolis-Saint Paul, que atuavam no Oriente Médio. O Comando Sul afirma que as missões têm como alvo o tráfico de drogas, mas já resultaram em 27 mortos. Democratas no Congresso acusam o governo Trump de agir sem transparência e sem autorização legislativa para ataques em águas internacionais.

Rússia e China reagiram duramente. O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, alertou que um ataque americano à Venezuela seria um “erro irreparável” e causaria “grave desestabilização regional”. A China, por meio do diplomata Fu Cong, condenou as “ações unilaterais e excessivas” e pediu respeito à soberania venezuelana. Ambos cobraram dos EUA o fim das provocações e a retomada do diálogo diplomático.

A ONU confirmou que monitora o avanço militar desde agosto e que o secretário-geral António Guterres tem feito apelos para evitar um conflito armado. Em setembro, Caracas decretou estado de emergência e mobilizou 4,5 milhões de milicianos civis.

As Nações Unidas reforçaram que qualquer ação militar deve respeitar o direito internacional. “É imperativo que os Estados-Membros evitem medidas que ameacem a paz e a segurança internacional”, declarou Miroslav Jenca, secretário-geral adjunto da ONU para as Américas.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.