“Trump não foi eleito para ser imperador do mundo”, diz Lula a TV dos EUA

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 13:27
Lula em entrevista à CNN Internacional. Foto: reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) detonou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista exclusiva à CNN Internacional, que será exibida nesta quinta-feira (17). Em uma prévia do material disponibilizado pela emissora, o petista foi questionado sobre as ameaças de tarifas de 50% contra produtos brasileiros e respondeu enfaticamente: “O presidente Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo”.

Na terça-feira (15), ao ser questionado sobre as razões para impor sobretaxas ao Brasil, Trump respondeu com característica assertividade: “Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz”.

“Temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos EUA”, emendou o republicano, que iniciou as ameaças de tarifaço contra o Brasil em defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), que na narrativa mentirosa da extrema-direita está sendo perseguido politicamente e judicialmente por Lula e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em resposta às medidas unilaterais dos Estados Unidos, o governo Lula colocou em ação a Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em decreto presidencial nesta semana. O instrumento jurídico permite ao Brasil suspender concessões comerciais, benefícios de investimentos e até direitos de propriedade intelectual em retaliação a ações consideradas prejudiciais à economia nacional.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) encaminhou carta oficial ao governo estadunidense expressando “indignação” com as tarifas. O documento alerta para os “impactos econômicos significativos para ambos os países” e reforça a disposição brasileira para o diálogo – postura mantida desde o primeiro anúncio de sobretaxas por Trump, quando a alíquota inicial era de 10%.

Combate à Lei da Reciprocidade

Na última quarta-feira (16), deputados bolsonaristas protocolaram um projeto para derrubar o decreto do presidente Lula que regulamenta a Lei da Reciprocidade. A proposta foi apresentada pela deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP), esposa do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), com o apoio de outros 13 parlamentares, a maioria do PL.

No texto, os deputados alegam que o decreto extrapola os “limites constitucionais e legais” e pode provocar “vícios de legalidade”, especialmente no que diz respeito à “propriedade intelectual e quebra de patentes”.

Para eles, a norma “gera grave instabilidade regulatória e jurídica nos setores farmacêutico, de biotecnologia, software e tecnologia da informação” e pode comprometer “a soberania tecnológica e o desenvolvimento científico e econômico do Brasil”.